10 fevereiro 2012

Tantas


Eu poderia enviar somente este texto, mas ele me arremete a tantos sentimentos que vai ele e o meu.

Eu perdi as contas de quantas “tantas” vezes já te escrevi e por um motivo qualquer não te enviei. Não sei dizer com propriedade quantas "tantas" vezes, leio nossas conversas, repasso nossas histórias, assisto aquele mesmo filme, releio aquele mesmo livro. Já faz algum tempo (tempo pra caralho). Tenho engolido as perguntas que quero te fazer a meses. Se esta tudo bem, se tem comido, se ficou doente, se tem bebido demais, se tem saído, se conheceu novas pessoas...?  Esse monte de perguntas bobas e que me fazem perder o sono. Tenho ficado parada atrás de postes e árvores e quando te vejo chegar ou sair (me encolho, me recolho, me escondo). Nesta hora penso (infantil, ridícula, patética. cresce) mas continuo ali, te olhando de longe. Muitas vezes te perco de vista, e nesses momentos, respiro tão de vagar que o ar parece não entrar. Então suspiro, deixo o choro chegar e fazer sua vez, numa daquelas tentativas frustradas de lavar minha alma. Estou aqui digitando sem parar como tenho feito todos esses anos (é... isso não mudou não) só tem piorado. É rabisco pra todo lado. Falo, grito, esperneio e quando termino tudo “apago”. Que porra do caralho. Cadê minha força, minha confiança, cadê aquela mulher fatal, poderosa, cheia de Ases na manga da camisa branca? Cadê? Eu balanço a cabeça, tento reordenar as idéias e juro todos os dias ser a ultima noite passada em claro. (sou péssima em cumprir promessas) Mais uma noite, outro dia e eu continuo aqui, no mesmo lugar de sempre, fazendo as mesmas e repetitivas coisas... Só que de uma forma diferente. E porra! É tão diferente. Eu canto, eu recito, eu declaro poesias e não importa quem as ouça, quem as elogiem, nunca pareço estar satisfeita. Porque a sensação que tenho, é de que estou sempre vazia (estou vazia). Eu li um texto dia desses (Quase, de Tati Bernardi) acho que pra tentar não me sentir louca, acho que pra tentar achar saída, pra ter de alguma maneira, respostas de perguntas que sequer foram feitas. E sempre acabo na mesma. Escrevendo pra você, cantando pra você, respirando seu silêncio como se isso fosse o suficiente pra me ajudar a seguir. Eu estava evitando certos lugares, rejeitando alguns convites, me isolei de tanta coisa, depositando fé, que isso me ajudaria a esquecer. Mas como esquecer algo que não sou capaz de parar de pensar? Estou agora mastigando meu orgulho, assumindo os meus erros, expondo minhas, falhas pra lhe dizer que sinto sua falta, sinto demais. Sinto uma puta falta de tudo que éramos, que poderíamos ser. Sinto falta do seu sorriso doce, dos seus olhos mirados no meu, da sua expressão séria. Sinto falta do timbre firme quando o assunto era sério, e daquele sorriso que escapava quando eu falava qualquer bobagem que te fazia sair da pauta. Eu sinto falta até de quando demorava a chegar e me fazia sentir falta. (Eu to ficando maluca). Hoje eu decidi que estes rabiscos eu não vou apagar, e não importa se vai ler ou não, esta eu vou te mandar. Porque isso tem me sufocado. Tenho feito isso por 5 meses. Mas hoje não! Hoje tomei coragem, hoje expulsei o ego, a prepotência e decidi que preciso dizer o que estou sentindo, porque posso não ter outra chance e antes a raiva do feito do que o remorso de não ter sequer tentadoÉ... eu não deixei de pensar em você um dia sequer. Eu não deixei de te olhar, de falar com você, mesmo falando sozinha. Eu não consegui superar, deixar passar, esquecer. Eu queria poder ter resumido e confesso que há muito mais que queria te contar, mas alguma coisa aqui ainda insiste em ficar cochichando em meu ouvido (ele não vai ler, você não terá respostas) Bom. Eu dei um tapão no diabinho que estava falando isso e deixei-me ser conduzida pelo anjinho que não fala muito, mas que sorri a cada próxima linha que digito. Eu só queria te contar que quando olho pro céu de noite, posso te ver pensativo com a mão apoiada sobre a barriga e um cigarro meia vida com uma ponta de cinza por cair. Que quando estou encostada na pia lavando a louça, ainda escuto o barulho da chave na porta. Queria te contar que ainda sento a bunda na areia da praia e faço o mesmo juramento olhando pro mar. Eu só queria te dizer que nos dias em que chove e o céu parece cair, eu escuto nossas músicas, e meu coração se aquieta num momento de nostalgia e paz que não sei explicar. Eu só queria te dizer que embora tudo pareça diferente, em mim permanece tudo igual. Espero que nada que eu diga aqui, atrapalhe sua vida. Eu só precisava te contar que independente de qualquer coisa, é ainda, bom demais te amar.
Por. Bell.B

2 comentários:

  1. "Cadê minha força, minha confiança, cadê aquela mulher fatal, poderosa, cheia de Ases na manga da camisa branca? Cadê?" é minha amiga parece que quando o amor vem perdemos um pouco de cada ponto forte que temos.Eu AMEI esse post me fez lembrar de um momento da minha vida que parece tá no fim, mas lendo tudo isso ainda parece está em mim! Lindo, beijos!

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    1. Grasi minha linda. Esse texto foi pra mim, o mais difícil que escrevi até hoje. Ai despejei tudo que fui e sou. Definitivamente com ele, perdi todas os Ases e armas. E realmente enviei a ele. O retorno não pode ser melhor. Mas acredite se quiser. Embora com esta carta eu tenha voltado a falar com a pessoa. As coisas continuam iguais em mim. Só em mim...

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