29 fevereiro 2012

Réu


Este rabisco foi um desabafo, um grito de socorro abafado, sufocado, entalado na garganta. Lembro-me como se fosse hoje o momento que o escrevi. Encontrava-me aos prantos e completamente perdida neste dia (21/10/95). E hoje ao encontrar um velho diário, não hesitei um momento sequer em passá-lo pra cá.


Por que não pego o telefone e não te ligo?
Por que não acabo logo com isso?
Por que permito que me magoe e me fira com suas ironias e perguntas sem sentido?

Deveria eu perturbar seu sono com um telefonema.
Já que há meses me rouba o sono com sua ausência.

Deveria sim te ligar e cobrar minha adolescência perdida,
 fazendo você perceber que a sua volta ainda existem vidas.

O tempo passa e daqui não levamos nada.
É preciso construir bens e firmar-se ao chão.
Mais nada disso tem valor se for construído com dores de um coração.

Pois comemorar sozinho, não tem a menor graça e quando você se der conta perceberá que terá trocado seus filhos, amigos, sua família por algo que pode não ter tanto valor assim. E poderá ser tarde pra ganhar o perdão daqueles que por puro capricho você deixou pra trás. Não posso julgá-lo pelo que nos fez passar, pois talvez você nem saiba o quanto sua partida nos fez sofrer, me fez chorar. Talvez você nem tenha notado a falta que nos fez.

Hoje seu maior aliado é o Presente e certamente ele será seu maior parceiro no Futuro. E se hoje nós somos incômodos no seu Presente... No futuro, suas decisões serão nosso Passado. E se até lá, fomos apenas lembranças... Reze pra que em seu Futuro eu seja no mínimo sua Esperança.
Por. Bell.B



2 comentários:

  1. (E se até lá, fomos apenas lembranças... Reze pra que em seu Futuro eu seja no mínimo sua Esperança.) Perfeito*-*

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    Respostas
    1. Escrevi esse texto um ano depois que meu pai foi embora de casa. rs Acho que essa foi a minha primeira dor de amor.

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