19 dezembro 2019

De(sejos)zembro



O mês que ela mais detesta, estava por fim acabando. Porém... faltavam aqueles dois dias que tinham o peso de uma perpétua. Na visão dela, aqueles sorrisos, abraços, declarações não passavam de promessas politicalisadas, embargadas de mentiras, hipocrisia, falsos desejos. Talvez nem fosse pra tanto, mas era essa a ideia que se formou, devido a suas experiências de vida e a algumas pessoas com quem era obrigada a conviver, embora não fizesse a menor questão de ser formal nem tampouco educada. Algo que seus pais lhe cobravam, afinal, não a educaram de outra forma, senão com disciplina, cordialidade e gentileza. Pois é... algumas dessas características ela fazia questão de esquecer, com determinadas pessoas e em certos momentos. Assim era Ela.

Demasiada, intensa, direta, curta e grossa na maioria dos pontos de vistas mirados a ela. Sem filtro, de língua afiada e raciocínio rápido. Com uma memória tão vasta quanto o espaço no qual, em seu peito, cultivava suas magoas. Novas, velhas, algumas tão antigas que precisaria bater o pó pra lembrar o porque de ainda estarem ali. E tudo isso, nesta época do ano, aguçava de tal forma, que sua vontade de sumir, desaparecer, se transformava em recolhimento. Enquanto o mundo se iluminava com seus ledes sonoros natalinos, e sua cidade se transformava com as decorações carérrimas, ela e sua nostalgia, apenas armou uma pequena arvore e a iluminou com piscas passados. Durante a noite olhava para todas aquelas lâmpadas brancas, sim, brancas! (Não gostava das coloridas, não combinava com o clima dela). Alias, cinza era seu tom, por fora, por dentro, nos olhos castanhos. Os únicos coloridos que curtia, vinham com tarja preta. (sua primeira cor favorita) 

Contudo, algo nesta fase a fazia sentir bem la no fundo, algo confortante... apenas 31 dias pesados, pra chegar o novo. E mais uma vez, de todo seu coração, certamente desejará, que o que esta por vir, venha mais leve, menos complicado, que seja simples, sincero e que as tuas mãos não travem seus pensamentos. De todo o coração ela quer voltar, voltar a bater suas asas, sem sentir medo de debandar. Sem sofrer com a solidão, quem tem sido sua parceira. E que não mais tema, abrir as cortinas. Ela sabe que precisa lutar e que não depende de mais ninguém senão dela mesma. Ela precisa, precisa abrir a janela, pra poder voltar a voar.
- Por.Bell B