28 maio 2012

Nome e Sobrenome

 Estava quase pronta. Já tinha feito o cabelo, as unhas, escolhido a roupa. Apanhou a bolsa, colocou dentro dela um gloss nude (a famosa "cor de boca" só usava batons assim), um rímel, cigarro e documento. (O celular?) Claro que sim, é com ele, que ela fica "coladinha nele". Enquanto andava de lá pra cá, terminando de se arrumar e ouvindo uma lista de músicas que não conseguia "ainda" cantar (pois eram canções novas) sorria lembrando do que havia feito mais cedo. (Subirá 8 andares, só pra não perder a ligação ao entrar no elevador. Riu de si mesma e do estado que chegou no seu anadar (as pernas tremiam, o coração estava descompassado, a respiração parecia não entrar. Resmungou num tom ofegante "olha o que você me faz fazer..." a resposta não veio e quando olhou o visor (celular descarregado), torceu o bico, bufou de raiva e entrou. Colocou a porcaria do aparelho na tomada e foi tomar banho.) Sacudindo a cabeça, voltou pro momento atual, rindo dela mesma, rindo do que haviam falado mais cedo. Suspirou, foi tragada pelo "shiuuuú" e naquele momento, esqueceu-se de tudo que tinha que fazer, esqueceu-se de que estava em cima da hora. Atirou-se no sofá, e foi embora de contro a ele. (Vamos fugir!? Havai! Cala Boca! Te amo! Te odeio! T(i) Amo!) O celular tocou e a trouxe de volta. Colocou as botas, retocou os lábios, apanhou as chaves e a bolsa e desceu. Estava aparentemente atraente, não era mais uma menininha, mas dava um banho em muitas. Entrou no carro, e a turma a cobriu de elogios, alguns disseram algo sobre, estar mais segura, madura e até satirizaram. "Como faz bem entrar na casa dos 30 e poucos hein...". O que eles não sabiam, é que não eram os anos, não era a roupa, não era a maquiagem que estava fazendo o sorriso dela mais bonito, seu olhar mais sexy, seu corpo mais atraente. O segredo estava do lado de dentro. Fazia "tumtum". O motivo dela estar e se sentir tão linda por fora, tinha nome e sobrenome e embora não estivesse ali, estava indo com ela, dentro do peito.
Por. Bell.B


25 maio 2012

Por Você Vale

(O celular toca, ela corre pra atender, quando olha o visor faz careta ¬¬ "não era ele")
- Bell, baixa umas músicas pra festa, pra mim?
- Claro! Quais quer?
- Ah, aquelas que estão nas paradas, modinhas, tipo "Eu quero thu eu quero tha, Humilde Residencia, Mata Papai, Meteoro, etc... ahhh essas assim Bell"
(Torceu o bico do outro lado da linha e deu Graças por não poder ser vista)
- O.o... Jura?
- Para, faz essa por mim vai!?
- Thá! Mas só porque é você viu!
(Desligou o telefone, e se perguntou por onde começar... Não tinha nada disso no PC, sequer escutava esse estilo de música. Mas prometeu, então foi a caça... )

Eu tinha a casa pra arrumar, as contas pra ir pagar, as unhas, cabelo, a roupa que vou usar sábado pra passar. Mas sentei-me rindo na cadeira de mim mesma e fui cumprir a promessa. Comecei com os nomes que já tinha, e fui pulando de site em site até completar uma lista com 48 músicas. Me senti o máximo. Tinha acabado de criar uma coletânea das músicas "sertanojos" mais tocadas nas paradas. O que ninguém sabe, é que pra mim, todas são novidade. Quem me conhece sabe, não torço o bico pra quase nenhuma canção. Só não escuto muito, esse estilo. Acredito que todas as canções, sem restrição, tem uma puta carga de sentimento. E não é que eu, no meu estilo ROCK/POP acabei que me vendo, me encontrando, te encontrando em várias dessas que ouvi hoje!? Algumas, eu até me surpreendi cantando, pode?! Ahhhh pode! Por você pode e vale tudo. Vale topar com o mindinho na quina do sofá, enquanto danço no meio da sala com os fones de ouvido. Vale pagar mico na rua, enquanto caminho gesticulando e rindo feito boba te ouvindo. Vale ser interrompida pelo interfone (porteiro dizendo que estão reclamando do volume) no meio de um agudo, enquanto acompanho uma música cantando pra você, Vale até escutar "sertanojo" e bater no peito enquanto BERRO o refrão, na tentativa de te fazer me ouvir a quilômetros de distancia!

Quando estamos apaixonados, encantados, enfeitiçados de amor, tudo tem e faz sentido. Tudo tem graça. A piada mais idiota do mundo, é motivação pra dar aquela gargalhada. O filme mais ridículo do planeta, acaba exibindo uma cena, na qual você se vê, e te faz sorrir de levinho. Até aquele amigo chato que só reclama, parece ser o cara mais legal do mundo. Tu olha pra tudo com cara de "Monalisa", faz as obrigações como se elas fossem um prazer. Chora pelas coisas mais bobas possíveis. Suspira do nada, se perde em devaneios. Sente vontade de sair correndo, de contar a ele sobre coisas que não fazem o menor sentido. Pede ao Papai do Céu que acelere o dia, pra que possa estar com ele logo. Quando esta com ele, pede ao Papai do Céu pra parar o tempo (deixa o Papai do Céu doido... ¬¬). Passa a maior parte do dia ensaiando as coisas que vai dizer, seleciona os momentos que vai contar e quando ele chega, quando aquela janelinha do msn sobe, ou quando o e-mail avisa que entrou um scrap. PORRA! Tu esquece tudo e só manda "Eu amo você!" Fica puta consigo mesma por não saber o que dizer, sente vontade de se beliscar (e até se belisca, ele não pode ver mesmo, não por ali). Ahhh... você perde a noção messssmo! Mas e daí?! Ele nem liga :p. E ai, passam-se algumas horas, vocês falam sobre tudo, dividem, somam, às vezes brigam, mas nada muda, não faz ser diferente, o que manda mesmo, é o que sentem. E isso... não tem explicação, e nessa hora, eu canto pra ele, ele canta pra mim, e quem conta tudo sobre o que sentimos um pelo outro, são as canções. Sejam elas do nosso estilo ou não!
Por. Bell.B

Sweet Morning

Olhei o relógio e ele pareceu me encarar imponente. Parecia zombar da minha inquietude, da minha agonia. Joguei o dorso contra a cama, apanhei o travesseiro e o apertei contra o rosto, na tentativa frustrada de acalmar o coração. Contei até dez, disse a mim mesma "respire... vai ficar tudo bem" e bem devagar, fui tirando o travesseiro do rosto. As ultimas linhas pareciam estarem estampadas por todas as paredes do meu quarto. "Pense nisso, pense em você. Hoje não quero que pense em nós. Faz isso por mim? ... a chave esta em cima da mesa, mas não venha hoje. Fique, pense... e amanhã, me acorde com um beijo doce" Um desespero sem tamanho, foi subindo por todo meu corpo. Os ossos pareciam estalar, minha cabeça não parava de girar. Eu puxava o ar, mas não conseguia respirar. Frases soltas começaram a se misturar entre as que já estavam ali, saiam da minha mente e se alinhavam diante dos meus olhos.

Pareciam querer me derrubar, me destruir. "Muito bem, você vai afastá-lo mais uma vez! Diz que tudo que faz, é pensando no bem dele, será mesmo que é? Ou será que faz isso por medo, por medo de realmente se permitir ser feliz, e por temer tanto a felicidade, afasta de si, as pessoas que ama? Idiota! Burra!" Abafei um grito contra o travesseiro e só o tirei do rosto, quando me senti sufocar. Alguma coisa sussurrou em meu ouvido, e eu não me lembro bem o que foi dito, mas lembro-me de ter aproximado meu rosto contra a fronha, e num momento súbito de lucidez, captei uma fragrância familiar. Escorreguei pela cama, agarrada ao travesseiro, a ele. Um nó subiu pela minha garganta, rompendo em lágrimas nos olhos. Chorei! Enquanto tentava controlar as emoções, não emitir nenhum ruído, inundava a fronha. Sacudi a cabeça, baixei o travesseiro e o abracei, como quem agarra sua ultima esperança. Foquei as linhas soltas. Os olhos começaram a arder e as frases suspensas no ar, começaram a se homogenizar. Formaram um borram de cores suspenso, no centro do quarto, e o sorriso bordou-se em minha face, me fazendo parar de chorar. Avistei no cantinho da cama (quase caindo) o celular, estava tão escuro seu visor, quanto a noite lá fora. Só Deus sabe o quanto desejei naqueles momentos que ele acendesse. Que tremesse, que um bip entrasse e me alertasse "mensagem". Estiquei o braço, o apanhei e por uns 10 minutos o segurei. Sabia que não deveria mandar mensagens, sabia que precisava deixá-lo pensar. (Pensar no que ele sentia, no que a minha carta, na quela altura, estaria lhe fazendo sentir...) Foi mais forte do que eu. A minha urgência, a minha pressa, a minha necessidade em tê-lo, sem me importar como, me fez começar a digitar. Sabia que ele não responderia. Não naquele momento, mas o fiz mesmo assim. Logo, sem mais lutar contra o sono, adormeci.

Os pássaros cantavam lá fora, o vento parecia querer estourar a janela. Antes mesmo de abrir os olhos, enfiei a mão debaixo do travesseiro e apanhei o celular. (somente a hora, acusava no visor) Apertei os olhos, resmunguei (acho que queria tentar voltar a dormir) e quando virei pra me ajeitar avistei em cima do travesseiro uma carta. Tirei um dos braços debaixo das cobertas, e senti o frio quase que congelar todos os músculos do meu braço. Com as pontinhas dos dedos, fui puxando-a até mim. Eu não notei, mas raios de luz salpicaram por todo o quarto enquanto eu sorria. Me sentei, antes de começar a ler pensei "obrigada, papai do céu... muito obrigada". O coração parecia querer pular do meu peito, se houvesse uma disputa entre ele e a bateria do Salgueiro, certamente a bateria da escola de samba teria levado 2 no quesito. As mãos tremiam tanto, que quase se podia jurar que eu estava tendo uma crise de hipotermia. Desdobrei a carta, e só em ver a caligrafia, o tic tac do relógio parou.

"Confesso que chorei lendo sua carta, uma, duas, três, quatro, cinco... até cair no sono, dormi sobre a mesa, acordei com o papel ainda grudado em minhas mãos. Na hora que acordei dei graças que escreveu a lápis. Sério. Se fosse a caneta seu choro teria borrado toda a carta"

Eu nem tinha terminado a primeira frase, mas já estava aos prantos. Um cheiro invadiu o cômodo todo. Enquanto lia soluçando, atropelando pontos, espaços, virgulas. Tentava reconhecer o perfume no ar, sorria. Li, uma, duas, três, quatro vezes. Mas li duas vezes mais a parte em que dizia "Quando terminar de ler pela segunda vez (lembrei do lance de termos muito de numero 2 em nossas vidas) desça as escadas." Café! O perfume era café. Quando reconheci, tive certeza de que ele havia compreendido. E embora tivesse, isso não tinha mudado o que tínhamos. Dei um salto da cama, com a carta na mão e só quando estava no corredor, foi que me lembrei da observação. "Ah, coloca um roupão por cima do pijama, ta meio friozinho hoje..." Voltei correndo pro quarto, apanhei o roupão e ainda vestindo, desci. Quando faltavam uns 6 passos pra avistar a porta. Parei. (Me lembrei que não tinha penteado o cabelo (devia estar a cara do Simba ¬¬), não tinha escovado os dentes, tinha deixado um par da meia na cama... quase subi pra me arrumar. Mas eu precisava, tão mais encontrá-lo, do que me arrumar pro encontro. Que a minha vaidade perdeu feio pra minha necessidade) Foda-se! Fui pisando de levinho, como quem ensaia uma apresentação do "Lago do Cisne". De pé na porta, o vi sentado, já com a mesa do café posta. "Doce dia Amor!" E o sorriso que ele estendeu ao me ouvir, coloriu a cozinha toda. Me aproximei, dei um selinho demorado e sentei-me ao seu lado. "Não sabe como é bom tê-lo aqui..." (e apontei o centro do peito sorrindo).
                                                                               Por .Bell.B

24 maio 2012

Sozinha

 Ela caminhava sem rumo, os pensamentos vagavam tão aleatoriamente, que ela não era capaz de se fixar a nenhum deles. Um par de sandálias em uma das mãos, nada na outra. Às vezes usava a mão vaga, para ajeitar o cabelo atrás da orelha, quando o vento soprava um pouco mais forte e o jogava na frente dos olhos. Não gostava muito de caminhar (na verdade detestava), mas fazia isso sempre que seu coração apertava. (e embora não gostasse, fazia muito) Particularmente neste dia, não estava assim "tão" triste. Talvez estivesse acostumando-se a ideia de "caminhar" e por ser orgulhosa demais pra contrariar seus "supostos gostos" ou "concordar" com o que a maioria diz, sobre caminhadas (faz bem a saúde, você acostuma), acabava que inventando o tal do "preciso andar pra espairecer" . Enfim, seja lá qual o real motivo da jornada, lá estava ela na beira da orla, com seu vestido de tecido leve (viscose talvez), tão leve, que quando o vento batia contra ela com um pouco mais de força, precisava levar as mãos entre as pernas e impedir que ele subisse até sua cintura. Seria constrangedor, se não fosse engraçado. E isso aconteceu algumas vezes, e em todas elas, ela sorrio descontraída, cheia de charme e graça, como se tivesse apenas ajeitando o cabelo atrás da orelha (isso era quase um cacoete ou um toque, não sei). A maré subia enquanto o Sol parecia se esconder por trás da água salgada e gelada. As ondas quebravam na ponta da praia e tocavam seus pés (vinham como súditos rastejando até ela, era assim que ela pensava, quando a onda chegava aos seus pés), cada vez que água tocava a sola dos pés dela, ela acordava de um pensamento. Eram tantos pensamentos, eram tantas ondas morrendo aos seus pés. Sorria cada vez que sentia a água fria cocegar seus dedos. (na verdade sorria de si mesma, por gostar de algo que detestava, e cada vez que isso acontecia, dizia a si mesma o quanto se sentia maluca. Como poderia gostar da sensação da água gelada nos pés, se detestava o frio, detestava até mesmo, tomar água... maluca) Passava das 18:00 hrs, o vento soprava com mais força e agora era obrigada a segurar além das sandálias, o vestido (desejou ser um polvo, naquele momento. Assim poderia segurar as sandálias, o vestido e ainda ajeitar o cabelo, que com a força do vento, atrapalhava sua visão e entrava ora e outra, no cantinho de sua boca). Parou em um ponto cego, (não queria ser vista) antes de sentar, soltou as sandálias. Tirou do pulso um lacinho preto, prendeu os cabelos, tirou os óculos e pendurou na fenda do decote. Sorrio olhando pra quela imensidão de água, pro vento, pro som do nada/tudo que ecoava a sua volta, em seu ouvido, em sua mente (quase que purificando seus pensamentos, que até então, estavam tão aleatoriamente conturbados). Respirou fundo, e sentiu-se feliz por não estar pensando em nada. Nada que a deixasse inquieta, agoniada, desesperada. Sentou-se, viu o Sol terminar de se esconder e pensou, "bom menino, agora deixe a Rainha fazer a Corte"  mas a noite não estava digna de sua presença, ou talvez ela não estivesse disposta naquela noite. O Sol se recolheu, a Lua não apareceu. Ela toda cheia de graça, de sonhos, de desejos, sentou-se num canto ermo. Gostava de solidão, às vezes. Gostava da companhia de si mesma, quando não se julgava uma "boa companhia", mas quem a conhecia, sabia... que no fundo, o que ela mais queria naquele fim de tarde, era não precisar se sentir tão sozinha.
Por. Bell.B

Tudo Diferente


A noite passada havia lhe deixado diferente, as coisas em si, continuavam no mesmo lugar. Nada havia mudado. Mas naquela manhã, ela acordará estranha. Abriu os olhos de vagar, esticou-se lentamente na cama, e em seguida tateou o colchão a procura do celular. Os raios de sol, entravam num facho de luz, e naquele filete luminoso dourado, ela visualizou um arco-íris. "Bom dia Mô" disse ela, toda cheia de manha e preguiça. Sabia que mesmo ele não mais estando ali, ele a ouvia todas as manhãs, assim como ela o ouvia, todas as noites. Se fosse qualquer outro dia, ela teria fechado a cortina, reclamado com o sol, sobre o quanto o detesta. Mas hoje não. Sentou-se, recostou-se na cabeceira da cama, puxou o ar. Sorrio de leve enquanto olhava o visor do celular "4 chamadas perdidas". Soltou o ar. Apertou os olhos com força, mordeu os lábios e foi tragada pela sensação da noite passada. "O toque dos lábios dele, o calor de suas mãos percorrendo-lhe as extensões do corpo. O perfume dele que estava impregnado na carne dela, as marcas das mãos dele em suas coxas." Sacudiu com força a cabeça, escorregou pela cabeceira, e voltou a se aninhar na cama. Tinha que se levantar, tinha milhões de coisas pra fazer, mas não queria sair da cama. Não queria sair dali. Ajeitou-se de lado, puxou um travesseiro contra o peito, e sem saber porque, começou a chorar. Agarrava com tanta força aquele pedaço de espuma, que se ficasse por mais 10 minutos com ele, era bem capaz de dilacerá-lo ao meio. As coisas estavam se fundindo, se separando, se dividindo em sua mente. Quanto mais tentava achar respostas, saídas, mais aflita se via. De repente um "shiuuuú" interrompeu seus soluços e o choro por um instante cessou. Abriu os olhos de vagar, sem se mover, fitou todo o arredor. Nada, apenas o canto dos pássaros lá fora e o assobio do vento que entrava pelas frestas da veneziana. Mas outra vez o ouviu "... aquieta o coração, eu vou cuidar de ti..." e neste exato momento o choro perdeu espaço pro sorriso, aquele sorriso faceiro. Um que ela só sabe dar, quando com ele. Um que só ele sabe tecer na face dela. Passou as mãos nos olhos, olhou para as palmas, lembrou de outra frase que a fez sorrir ainda mais doce. "...de mãos dadas estamos sempre..." Estava confusa, tonta, meio perdida. Com tudo que já tinham dito, com tudo que disseram, com o que ela tinha que dizer. Tinha mesmo que dizer? Ela não sabe. Só sabe que vai fazer o que ele lhe pediu pra fazer.

"... não some, não vai... ao contrario, aparece, vem... vem pq te amo e sei que vc tbm me ama... esse menino encontrou as cores que roubaram dele, esse menino voltou a ver um sentido pra essa "coisa" de vida, esse menino voltou a acreditar que o amor também existe pra ele."

Essa menina não acreditava mais nas cores, no brilho. Ela não sabia mais pra onde ir ou porque continuar. Esta menina não sabia mais se o que sentia e se realmente sentia. Mas ela encontrou um menino, que ensinou a ela, como pintar novas cores, como caminhar sobre espinhos, como sentir o amor, sem sentir medo de amar. Eu não vou sumir, não enquanto tiver você, pra me pedir pra continuar a aparecer. Sei que me amas, e eu... bem, eu a cada dia mais e mais e mais amo mais e cada vez mais, amo você.
Por. Bell.B

23 maio 2012

Com Ele

 
                   Ele tinha perdido o controle, ela não tinha mais o domínio da situação.
                      Renderam-se um ao outro, como há muito desejavam fazer. Fizeram... 

                                   ... Os olhos dele, pareciam chamá-la "Vem?".
                          Os lábios dela não se moveram, mas responderam "Vou!".


Todos os sentidos explodiram e quase se poderia jurar, que isso aconteceu ao mesmo tempo. As mãos dele percorriam as extremidades do corpo dela. Ele parecia estar pintando com as pontas dos dedos uma tela viva. A cada movimento atrevido dele, ela se encolhia. Repuxava os músculos, mas não por não querer, e sim por não conseguir se controlar. Ele olhava pra ela, como uma criança ao encontrar seu presente de natal ao pé da lareira. Ela aos 31 anos, olhava pra ele, como uma garota de 13 ao se descobrir apaixonada pela primeira vez. Enquanto ele a encarava, ela mordia de leve o lábio inferior, entrelaçava os dedos nos cabelos, gesticulava mais do o habitual. Não pra provocá-lo, nem pra se mostrar sensual. Mas na tentativa frustrada de ocultar dele, sua timidez. Embora fosse uma mulher decidida, experiente, apimentada como costumam dizer por ai, perto dele, com ele, ela não conseguia ser nada do que fora até aquele momento.

Tocava algo de fundo, a letra era familiar, mas ela estava tão nervosa, que sequer era capaz de identificar com propriedade qual canção e quem cantava. Tentava falar o menos possível, embora falar demais, fosse quase sua marca registrada. Ele se aproximava, mexia na pontinha dos seus cabelos, acariciava seu rosto com delicadeza, sorria pra ela. Ela parecia congelada. Quase não reagia a nenhum movimento sequer. Estava lutando consigo mesma, brigando com o que queria e o que achava que deveria querer. Talvez ele não tivesse percebido a aflição dela. Talvez ele não tivesse notado o quanto ela queria, "não querer, aquele momento". Esquivou-se uma ou duas vezes, tentou recuar, mudar de assunto. (Ingênua) Em vão. Ele sem tantas experiencias de vida mas com um currículo tão de peso quanto o dela.Com jeitinho, um que só ele tem, conseguiu fazer com que aquele duelo dentro da cabeça dela, findasse. Porém... Seu coração apertou de uma tal maneira, que acabou tomando-lhe até o ar. Aparentemente ela tinha e estava no controle. Respirava de vagar, olhava concentradamente pra ele. Às vezes conseguia sorrir. (e como não sorrir perto dele?) Estavam falando alguma coisa banal, quando ele com sua coragem, calou-a com um beijo. Ela por sua vez, e desta vez sem coragem alguma, não foi capaz de pará-lo. Enquanto sentia seu coração descompassado, e todos os músculos do seu abdômen contrair, colocou-se em seu colo, rendeu-se aos beijos e afagos e se permitiu sentir...

... Seus lábios encaixavam-se nos dele, suas mãos perdiam-se entre os fios lisos e dourados. Pensou em abrir os olhos, mas não foi capaz. Não queria sair daquele transe, daquele frenesi. Na verdade, talvez não tenha aberto, por medo. Medo de estar em um sonho. Ele a tomou pra ele, ela se entregou sem resistência. Beijou, mordeu, lambeu cada centímetro do corpo dela. Ela lambeu, mordeu, beijou, cada pedacinho do corpo dele. Se apertaram, se misturaram, gozaram, tornaram-se um. 

Não foi dele, o primeiro beijo dela. Não foi com ele, a primeira transa dela. Não havia sido ele, o seu primeiro amor. Mas foi com ele, o beijo mais doce. Foi com ele, a primeira vez em que ela atreveu-se dizer "fazer amor". Era ele, não o primeiro, mas sabia ela, que seria ele pra sempre, seu eterno amor.
Por. Bell.B

Sentir

 Despertar, deixar o sol entrar, ser capaz de sorrir sem motivos aparentes.
Poder sentir lá dentro (bem la no fundo) a sensação de ser amado.

É isso que quero...
Olhar pro visor do celular, sentir o coração disparar quando o led da mensagem entrar.
Suspirar, inspirar, me atirar na cama e escutar as palavras da canção invadir minha alma.

É só isso...
É só de tudo isso que preciso.
Saber, sentir... TE SENTIR!
Por. Bell.B

Sempre

 É indescritível a sensação que sinto. Não é diferente das que já senti e nem igual, é "única". É como se eu soubesse exatamente o que você vai dizer, fazer, como vai agir e não conseguir reagir da forma que me preparo, por já saber. É inacreditável isso, essa força, esse poder que você tem de manipular as minhas sensações, das maneiras mais surpreendentes possíveis. Com você não consigo ser calculista, objetiva, é sempre um passo no escuro, e mesmo temendo, gosto disso. Gosto do que sinto, do que você me faz sentir. Fiquei revivendo os detalhes, as frases, o mimo em que “tece” cada próxima cena e a forma em que elas me prendem em emaranhados de sentimentos e sonhos. Quando meus olhos estão em você, o mundo lá fora é invisível, supérfluo, inexistente. Muitas vezes, assim como você, repito cenas, uso as mesmas frases de efeito, canto as mesmas letras, e embora pareça repetições do mesmo ato, são só formas e maneiras de expressar um sentimento que se repete, se acumula, se renova dia a dia. É estranhamente gostoso essa falta doída que sinto, quando esta longe, mas gostosa. Por saber que sinto, que sentes, que não acaba a vontade e ao contrário do esperado, transborda. Perco-me lendo, relendo (nada novo), adoro quando me atrapalha na cozinha, no banho, não posso evitar minha petulância e tenho necessidade de invadir sua aula, seu dia a dia, bagunçar seus pensamentos, perturbar teu sono. Junto a tudo que temos, passamos, vivemos, não existem incógnitas. Existem muitas partes misteriosas que ainda decifraremos, mas para apimentarmos o ciclo, nos fazemos de desentendidos. Eu sorrio ao te ver fazer cara de bobo, você sorri ao me ver encabulada, é um completo imperfeito cheio de maneiras imperfeitas de nos completarmos, e ainda que complexo, único. E talvez e por isso, seja duradouro, seja inviolável, seja pra sempre. Um "pra sempre" que espero que nunca acabe.
Por Bell.B

Deixa Queimar


Ela pensa "inocente" não percebe ele, não se deixa perceber, que a muito dominou-me não só corpo, como alma e por mais que eu tente dissimular e fingir que as coisas mudam, ele domina minha mente completamente. Sim, eu não me sinto, eu não respiro, eu não vivo sem ele. É um medo esse meu medo de perdê-lo, que tento frustradamente ocultar de mim o que a boca encurta, mas os sentimentos estendem. Não, eu não ligo para o que pensam, para o que acham. Eu me perdi nele, e sem ele eu não me acho.
 
Fitava ela a fome dele e sentia ele o desejo dela. Não sabia o que tecia o amanhã e também pouco se importava com o amanhã. Era dele agora, como ontem. E hoje sabia, que amanhã também seria ela dele, assim como sempre foi. Sorria ela safada, sacana, vadia pra ele, e ele entendia nos lábios dela sem pronuncias, o quão ela queria a violência e a aspereza dele. Não continha e nem tinha pudores (na verdade tinha sim, mas não com ele). Era crua e tão nua a carne dela a mercê dele, como quando pura, ao mundo veio nua antes mesmo de conhecê-lo. Com a contundência dos verbos, idealizou cenas na mente, perdeu-se entre os delírios enquanto o coração disparava tão freneticamente quanto sua respiração. Afrontei-te como quem tem domínio,
rendi-me a tua falta de juízo, estiquei-me, contorci-me, recitei-te ao entrelaçar dos lençóis... Gemidos.

"Sem vergonha" ele diz. "Puto" respondo. Silêncio, pegadas fortes, leves movimentos. O ranger dos dentes invade o cômodo, as unhas cravam a carne, os tapas estralam no dorso quente. Uma lágrima, um sorriso, o prazer. A dor, o tesão, é amor, é o não controle, dominando a gente. São seus verbos chulos entorpecendo minha mente, são as minhas respostas insanas devorando-te ferozmente.

                                                    É querer, é ter, é possuir...
                                     ... é queimar em você, o que arde em mim
                                                                                       Por.Bell.B

14 maio 2012

Despertar



Enquanto você sorria pra mim, eu perguntava o que era, e você continuava a sorrir. Passava de leve os dedos sobre as linhas do meu rosto, sem dizer e em alguns momentos sem sorrir com os lábios. Mas seus olhos... Estes eram dignos de serem comparados a uma gostosa gargalhada.  Não sei dizer ao certo, por quanto tempo ficamos presos naquele instante. Nós, parecíamos congelados, a nossa volta, tudo passava tão rápido, havia movimentos de cores em borrões como se tudo estivesse sendo puxado pra algum lugar, que não ali. E enquanto tudo ia se misturando (pessoas, luzes, paisagens) seu rosto ia lentamente se aproximando do meu, até que seus lábios tocaram os meus...  (Despertei!)

Abri os olhos, estava meio tonta, passei as mãos no rosto afim de me livrar do emaranhado de fios que atrapalhavam a minha visão e no seu lugar, vi um bilhete.  Antes de apanhá-lo, dei aquele sorriso de leve, carregado de preguiça e com uma pontinha de desapontamento. (Adoro ler seus bilhetinhos ao acordar, mas adoro ainda mais acordar com seus olhos a me admirar.) Apanhei o papelzinho, desdobrei e tomada de expectativa fui devorando linha atrás de linha. Logo que li o “Bom dia meu amor”, de cara pensei alto “Como não ser amor meu?”.  A cada fim de frase, um suspiro mais longo, um sorriso mais demorado, uma interrogação a mais, entre tantas entre nós, mas que não fazem a menor diferença. Ri gostoso quando disse que estava levando o celular, e antes mesmo de ler sua opinião sobre a nossa operadora, havia pensado na porcaria de sinal que ela tem. Ri ainda mais com o seu plano mirabolante em almoçarmos fora e fugirmos sem pagar. Fiquei imaginando como seriam os nossos próximos anos juntos (separados pelas penitenciárias) e como seria complicado ficar sem “visita intima”, já que o meu “visitador” estaria também, preso. (Nesta hora, bati na cabeceira da cama, pra isolar o acontecimento) Deus me livre.  
“Não! Vamos comer hot dog, nem ligo pra almoço glamoroso ou coisa do tipo, sendo contigo, até pão com ovo frito é especial”.

Enquanto você escrevia este bilhete/carta, eu sonhava com você. Acho que por ter ficado me olhando, acabou conseguindo invadir o meu sonho. Eu fico completamente “passada” com o poder que você exerce em meu subconsciente sabia? (Confesso que às vezes tenho medo disso ¬¬) Mentira! Não tenho não! Eu ia argumentar e dizer algumas coisas, te contar sobre o sonho, mas você me surpreendeu mais uma vez. Quando ameacei debater com o bilhetinho, li “Quieta, continua lendo/me ouvindo, só por enquanto, pode ser?!”. Acabei rindo alto, levei o dedinho nos lábios, sacudi a cabeça e respondi a você/bilhete, "Ok mandão...!"

Terminei de ler tudinho, com aquela cara de "retardada" que tu conhece bem, depois reli tudo outra vez, adoro te ouvir/ler quando não esta por perto, fazendo isso, nunca fico sozinha. Depois que acabei de ler pela quarta vez, segui a orientação final, alias, a melhor :p "Fica na cama até eu chegar, vou adorar chegar e te ver ainda meio dormindo, entrar de mansinho por baixo das cobertas e te ver acordar de novo." Acho que mesmo que não a tivesse recomendado, eu teria ficado, rs. Esta frio la fora, a garoa esta apertadinha e como tu bem sabe... DETESTO essa época do ano. Então talvez quando pegar esse meu recadinho, eu realmente esteja dormindo. E você realmente vai me ver acordar. Mas não faça isso, sem antes preparar o jantar. Hoje não quero fazer nada, senão pensar/sonhar contigo. 


Te amo mais e muito, sempre a cada vez mais! 
                                                                                                 Por. Bell.B






07 maio 2012

A Carta


Depois de ter picado todos os bilhetes que me deixou, ter jogado todos os livros que me arremetiam à você, fora. Depois de ter riscado com a ponta da navalha, todos os CD's que montei, pensando em nós... Apanhei sua ultima carta e fui até o lugar, aonde sempre íamos pra nos encontrarmos, mesmo quando apenas só um de nós, ia até lá.

Ventava muito, as ondas estavam inquietas, não tinha uma única nuvem no Céu. "Pensei" (Que bom, nuvens me lembram ele!). Logo sacudi a cabeça e soltei um palavrão. (Porra! Mesmo sem elas, eu estou pensando nele ¬¬) Acabei rindo e mais uma vez balancei a cabeça. Enfiei a mão no bolso do blusão, apanhei a ultima carta que tinha recebido dele, respirei fundo e antes de começar e reler resmunguei. (Devia ter queimado esta também!) Não sei ao certo porque não fiz isso com esta, talvez por tê-la sentindo bater mais fundo, com mais peso, talvez porque nestas ultimas linhas, eu tenha conseguido captar "enfim" a vontade e o verdadeiro sentimento dele. Passei os olhos de vagar, como sempre faço quando o leio. Tento apagar tudo da mente, gosto de ler/ouvi-lo em total silêncio. Os olhos foram espremendo as frases e extraindo das linhas, sentimentos. E enquanto eu usurpava do que lia os sentimentos, os meus se misturavam nos dele e me deixavam confusa.  

(Não vou dizer que não estou com lágrimas nos olhos escrevendo isso (tive que parar algumas vezes, acho que por isso que tudo está meio desconexo) e sei que vai estar quando ler... mas quero que fique bem, saiba que te desejo tudo de bom, de coração, você merece um futuro incrível que, momentaneamente, não vai mais contar com a minha presença...) (Eu também "parei várias vezes", sempre que voltava a ler, sentia um calafrio na espinha, um nó na garganta, um desespero sem fim.)


O  "ranger de um motor" me fez frear o choro que parecia querer romper a qualquer momento. Era bem familiar aquele barulho pra mim. Rapidamente apertei o papel e o enfiei novamente no bolso. Voltei minha atenção ao ruído que havia interrompido minhas emoções. Apertei os olhos com força, e assim fiquei por alguns minutos. (Silêncio) Parecia naquele momento, que o tempo estava parado. Não ouvi o barulho do mar, não senti as vibrações das ondas, nem mesmo o vento parecia soprar. Ameacei levantar para ver se o tal "barulho de motor" atrás da rocha que estava sentada, era mesmo do carro dele. (Não, não seja boba! O que ele viria fazer aqui, depois de tudo que lhe disse?!) Rangi os dentes, voltei a recostar na pedra enorme atrás das minhas costas e apanhei a carta. Não precisava ler, sabia de cor o que estava escrito ali. As lágrimas romperam e apertei com tanta força o papel, que o senti virar uma bolinha no centro da palma. Uma onda se formou e veio em minha direção. Ergui o braço o mais alto que pude e com o punho cerrado me preparei para atirar a bolinha, assim que a onda quebrasse. (Em vão) Não consegui. Me perguntei várias vezes o porque DIABOS eu não conseguia me desfazer daquele papel. Fiquei ali por horas, não sei dizer exatamente por quanto tempo.

Só me dei conta de que já não era dia, quando voltei a ouvir o "tal ruído familiar". Levantei correndo, nem lembrei de colocar o chinelo. Corri de encontro ao "barulho do motor" mas era tarde. (DROGA) O ar começou a não conseguir entrar, e conforme vi a luz do farol desaparecer enquanto o carro saia de ré. Senti meu coração quase parar de bater (ou bater tão de pressa que eu não soube identificar ao certo que tipo de batimento cardíaco estava tendo naquele momento). Eu fiquei congelada, exatamente no meio do caminho! Tinha que voltar pra apanhar o chinelo que tinha largado atrás da rocha, mas avistei um retângulo branco no lugar aonde o carro tinha estacionado. O vento começou a soprar novamente e o "tal retângulo" dançou umas duas vezes no ar. "Foda-se o chinelo!"

Corri o mais de pressa que pude e agarrei aquele pedaço de papel como um doente que encontra sua cura. (Deus... devo ler? Será pra mim? Caralho... eu devo estar ficando maluca! Não é pra mim, não é meu, é só um pedaço de papel!) Mas não poderia ser só um pedaço de papel, não poderia ser de outra pessoa, nem pra outra pessoa. Não naquele lugar, não no lugar aonde íamos pra nos encontrar, não ali! Ninguém ia lá. Era um lugar mágico, único. Nosso! Entre invadir a privacidade de alguém e matar a minha curiosidade. Segui meu coração. Soltei o bolinho de papel que apertei por quase o dia todo e lentamente desdobrei o retângulo. (Estava dobrado em 4 partes, meu coração batia descompassadamente só em contar as partes que aquele papel havia sido dobrado.) Antes de ler, e ao ver a caligrafia, os olhos começaram a marejar, o nó na garganta rasgou em soluços sem que eu pudesse controlar. Foi um misto absurdo de sentimentos...  "Raiva, (era do carro dele o ruído, devia ter me levantado e ido até ele.) Arrependimento, (por querer ser tão forte quanto ele, e dar a ele o que ele me pediu naquele "outro" momento.) Dor, (muita dor, dor no peito, dor na alma, dor no corpo inteiro. Uma dor que poucos são capazes de enxergar por trás do sorriso convincente que tenho.) Alegria... (ele não havia se esquecido, ele não tinha se esquecido de mim, de nós, do que tínhamos, do que temos)."

Eu li, reli, voltei a ler, do momento em que apanhei aquela carta, não consegui fixar os olhos em outras palavras, em nenhuma outra linha. Sorri, chorei, xinguei! Suspirei, respirei, sentei na beira do guarde reio e tudo pareceu a voltar a vida. As ondas pareciam cantar, o vento serenava meus cabelos e sussurrava em meus ouvidos. As estrelas cintilavam ao invés de brilhar. Até o peso em meus ombros e a dor que sentia na alma, sumiram... Não sei aonde foram parar aquelas chagas que pareci carregar por séculos. Li muitas vezes o conteúdo todo da carta, e enquanto lia aquele novo pedacinho de papel que não era, mas parecia mágico, não me dei conta de que a bolinha de papel tinha sido carregada pelo vento e já estava dançando entre água, na beradinha da praia. Quando percebi a falta, já estava longe, ia e vinha com a onda, mas eu estava tão encantada com a nova carta, que não queria romper a magia indo apanhar aquele outro pedacinho de papel, que havia roubado minha paz por tantos dias. Voltei a ler as ultimas linhas...

 " Sei que pedi que fosse, sei que fiz uma escolha, porém agora quero desfaze-la. Mas agora quero recomeçar do zero, dessa vez com mais solidez, as paredes de tijolos mais firmes, o muro de pedras... Será que ainda tenho esse direito? Tomara.
Com amor, Michael."


... Caminhei pra casa, descalça, sorrindo, com aquelas palavras ecoando em meus olhos, meus ouvidos, minha alma. Quem passasse por mim na beira da estrada e me visse daquele jeito, diria certamente que eu estava ou muito bebada ou muito drogada! (FODA-SE). Eu estava mesmo anestesiada, estava louca, estava dopada, estava tendo uma OVERDOSE de felicidade. Só queria chegar em casa e dizer a ele que (Sim! Que ele tem, que nós TEMOS esse direito!) E nada que me dissessem ou me fizessem, poderia roubar de mim aquele estado, um estado de paz de espírito, de êxtase. DE PAZ, que só ele é capaz de me fazer ter, viver, SENTIR!
Por. Bell.B