29 junho 2012

Doendo Demais

 Eu tenho sonhos, mas não hoje. Feche a porta e apague a luz, por favor. E se o telefone tocar, diga que eu morri, que estou na mortinha da silva, estirada no chão da sala com o coração na mão. Diga que retirei meu coração com a mão. Ele estava doendo demais!
Por. Caio Fernando de Abreu

Vez em Quando

 De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça.Então os meus braços não vão ser o suficiente para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme. 
Só olhando você, sem dizer nada, só olhando e pensando:
 - Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando..."
Por. Caio Fernando de Abreu

28 junho 2012

Pequenas Epifanias


"Depois um amigo me chamou para cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim..."
Por. Caio Fernando de Abreu

Lembranças

 Pelo menos uma coisa eu devo ter feito certo, mesmo.
 Porque tenho certeza que você vai lembrar de mim, ainda que não queira.
Por. Caio Fernando de Abreu

Ainda Bem

 "... ainda bem que sempre existe outro dia. E outro sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas... "
Por. Caio Fernando de Abreu

Levanta

Levanta dessa cama garota! Sei que tá doendo, mas levanta. Coloca uma roupa, passa a maquiagem, arruma esse cabelo, ajeita a armadura. Segura o coração, sai por aquela porta, enfrenta o vento, sorri pro Sol.
Por. Caio Fernando de Abreu

Dizem

 "... dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer."
Por. Caio Fernando de Abreu

Coração

 "... tinha esquecido do perigo que é colocar seu coração nas mãos do outro e dizer: 
- toma, faz o que quiser."
Por. Caio Fernando de Abreu

26 junho 2012

Íris-Dele


Abriu uma pálpebra de cada vez, um facho de luz, atingiu sua face em cheio. Num reflexo, levou as mãos contra os olhos, afim de protegê-los. Enquanto se espreguiçava, sentiu seus dedos dos pés gelados, o corpo todo dolorido, e o bocejo foi interrompido quando sentiu uma pontada forte na garganta. (talvez estivesse ficando resfriada) Se levantou de vagar, caminhou lentamente até o banheiro, e entrou no banho. Ficou ali por mais tempo do que o de costume. Enquanto a água batia contra sua face (numa temperatura, bem diferente das gotas da noite passada), ela fechava os olhos, passava as mãos no rosto, sentia o calor escorrer, gentilmente por todo seu corpo.  Por alguns minutos, sentiu-se bem, confortável, serena. Mas logo os primeiros sentimentos do dia despertaram, e com eles, seus temores e receios.

Já fora do banho, postou-se diante do espelho, completamente embaçado pelo vapor do chuveiro. Isso costumava irritá-la. Mas não fez menção alguma de limpar o vidro, ou sequer, queria se ver. Talvez tenha ficado de frente a ele, por puro hábito. Secou-se, escovou os dentes, ajeitou o cabelo e foi para o quarto. De frente ao guarda-roupas, ainda enrolada na toalha, abriu uma gaveta, apanhou um pijama e o vestiu. Não tinha nenhum programa para o dia, e mesmo que tivesse, não faria. O sol tinha acabado de nascer, estava fraco ainda, as nuvens o faziam parecer menos imponente, e quem parecia ter toda a majestade era o vento. Este soprava com tamanha força, que sacudia as janelas, e ora e outra, encontrava uma forma de invadir o cômodo e provocar nela, certo arrepio. Ajeitou-se na cama, puxou as cobertas e a sensação que ela tinha, era de quem acabará de chegar em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho. (imagine, havia acabo de acordar, eram só 9:00 am, talvez por ter dormido muito pouco, estivesse com a impressão de que precisava dormir mais, talvez por estar deprimida, precisasse ficar menos tempo acordada)

Os olhos estavam tão pesados quanto seu corpo. E sua cama, agora parecia-se com um ninho, acolhedor e quentinho. Deixou as pálpebras repousarem, mas em momento algum, pegou no sono. Tudo que havia passado no dia anterior, passava como um filme em sua cabeça. Até as cenas que não viu, via. (Ele entrando em casa, tentando esconder sua depre, falando coisas aleatórias afim de camuflar a angustia que mesmo não declarada por ele, fora detectada por ela. Ele entrando em casa, procurando por ela, lendo a carta "maldita carta") No momento em que se lembrou do que deixou lá, escrito, seus olhos se abriram como num salto, e este mesmo pulo a alavancou da cama, fazendo-a correr até a sala. "Meu celular...?", revirou a bolsa, nada. "Pense... pense!", não tinha luz, havia usado ele como lanterna. "Na cozinha!" correu pra lá, e lá estava ele, em cima da pia.

Nenhuma mensagem, nenhuma ligação perdida. Só alguns números lhe exibindo o tempo, como quem a desafia. Respirou fundo, e enquanto colocava a água pra ferver, se perguntou. (ele teria lido e concordado, ele teria lido e se sentido aliviado, ele teria dormido? Teria passado a noite em claro?) Discou, mas antes de ligar, segurou o botão vermelho, (desligou o celular) enquanto via a tela apagando, sentiu o chão se abrir, se não tivesse se apoiada na beira da pia, teria caído. "Droga!", quando ia ligá-lo novamente, foi interrompida por sua própria voz. "Deixe-o, ele precisa desse tempo, você também já fez uso dele. Ele precisa fazer a escolha por ele... deixe-o pensar, refletir sobre seus temores, suas inquietas sombras". Passou o café, e sem soltar o aparelho "morto" em sua mãos, decidiu que ficaria uma semana longe, e rezando pra que ele fosse tão forte quanto ela, apanhou a xícara e bebeu ali mesmo.

Voltou pro quarto, tirou o pijama e vestiu algo mais leve, antes de se deitar, ligou o PC, foi até a pasta de músicas. A variedade era imensa, tinha vários artistas, milhares de faixas, mas escolheu uma única canção, e esta parecia estar sendo cantada "pra ela". Sentou se na cama, e as portas do guarda-roupas, ainda estavam abertas, subitamente foi arrebatada há um momento... (ela de pé no closet, em dúvida no que vestir, ele passando por ela, ficando pronto em minutos e ela ainda ali, de pé, de lingerie... tão admirada quanto com raiva, da capacidade que ele tinha em ficar pronto e encantador em tão pouco tempo)... em meio aquela situação que se encontrava, (nostálgica, sozinha, magoada talvez), conseguiu sorrir ao se lembrar do sorriso dele, de sua agilidade e graça em fazer as coisas, do seu olhar de admiração e contemplação ao que a olhava. Suspirou fundo porém devagar e cantou parte do refrão com os olhos marejados, o coração apertado e a voz meio rouca de quem ainda não acordará completamente. "I see your true colors and that's why I love you...". 

Apertou as almofadas contra a cabeceira da cama, tirou a toalha dos cabelos, e encostou. Tentou planejar algo, mas não estava com vontade alguma de fazer nada. Pensou em ler um livro, mas seus olhos estavam pesados e sua cabeça, doía demais. Pensou em ver um filme, mas teria que se levantar outra vez, ligar a TV e deligar o PC. Entre a busca pelo filme, e a canção que o trazia pra ela. Ficou com a música que repetidamente, cantava sua história, sua noite anterior de uma forma menos dolorida, mais doce, porém não menos sofrida. Ora e outra, uma lágrima escorria por sua face, menos intensas que outrora. Quase que passariam desapercebidas, senão fosse pelos suspiros longos que dava, ao que elas morriam entre seus lábios. Outra vez se pegou pensando nele, embora não tivesse parado um minuto sequer de fazer isso, desta vez foi diferente. Um raio de Sol invadiu o meio do quarto e sabe-se lá como ou porque, visualizou cores no filete. Um arco-íris (talvez), mas este não tinha sete, tinha 8 cores. Sorriu docemente, como quem se sente confortada, amparada, tranquila. Sorrio contando as cores e pra oitava deu o nome de "íris-dele". Não sabia o que ao certo acontecia lá, mas sabia que de alguma maneira, ele a sentia, a via, e estava ali, no meio do seu quarto, e entre todas aquelas cores reluzentes, a cor dos olhos dele.
Por. Bell.B

Bonança (Talvez)


Pensou em pegar um ônibus, depois fez sinal para um táxi. Quando o carro parou a sua frente, antes mesmo de abrir a porta, fez sinal de que não o pegaria. O carro partiu, e ela continuou ali. (Com a mala na mão, a bolsa no ombro e os olhos tão molhados, quanto a rua pela tempestade que descia) Depois de um tempo parada, começou a caminhar na direção de casa. Andou por horas, tomou toda aquela chuva que despencava do Céu. Ventava muito, tanto que quando os pingos batiam contra o seu rosto, os fechava com medo de que as gotas os machucassem. A mala parecia pesar o dobro, embora não tivesse muito dentro, a chuva molhará o pouco e fazia com que ora e outra, seus dedos não suportassem o peso. (embora não pesasse mais, do que o pesar que carregava nos ombros naquele momento).


Faltavam alguns quarteirões para chegar em casa, a chuva estava mais amena e ela já estava ficando cansada de caminhar. (talvez por não fazer isso com frequência...) Estava ficando cansada de carregar a mala (pensou até em largá-la), estava cansada de se carregar. (por um triz, não atirou a si mesma em um lugar qualquer) Enquanto vagava de volta a sua casa, os pensamentos pareciam querer assombrá-la... "Eu sabia que não ia durar! Você sempre faz tudo errado! Eu não disse! Eu avisei! Impulsiva! Você não o merece"... quase gritou. Só não o fez, por se dar conta de que estava na rua. Estava na segunda quadra, quando por fim, olhou pra cima (tinha feito quase todo o trajeto, com os olhos voltados para baixo. E mesmo com os olhos fixados nele, sentiu durante todo o percurso, que não tinha chão) e avistou o prédio, sentiu certo alivio, mas este, logo fora interrompido por uma buzina e uma freada brusca e algumas palavras nada "gentis"... (um condutor alertá-la, por sorte ou por Deus, que ela estava parada, estática no meio da rua) ...ao ser chamada de volta a "Terra", continuou seu caminho. Ao chegar na faxada do prédio, puxou o ar o mais fundo que pôde e soltou um suspiro. Assim que colocou a mão no portão, o porteiro o destravou. A saldou com um sorriso largo e ela concentrou todas a tenção que pode aos seus instintos e com muita força, sorriu com o cantinho dos lábios e o saldou de volta. Ele lhe entregou algumas correspondências e enquanto apanhava, ele dizia algo, mas ela não conseguiu ouvi-lo. No momento "em pensamento", agradecia a Deus, por não dar aos "humanos" o poder de "ler mente". Ao que ele lhe desejou "boa noite", ela desejava que tudo a sua volta "se fodesse". Seguiu ao hall e notou os led's dos elevadores apagados. (Talvez tenha sido isso, que o porteiro tentava dizer, por conta da tempestade, a rua estava sem energia) "Merda!" disse ela (queria gritar, socar alguma coisa, brigar com alguém. Descarregar sua raiva, sua frustração, sua tristeza...), e foi em direção as escadas. Enquanto subia, o ar faltava, a mala parecia ainda mais pesada, seu corpo de repente começou a mostrar certo desconforto. Parou no 6 andar. Sentou-se no degrau e depois de uns 10 minutos, voltou a subir. Entre milhões de coisas que se passavam em sua mente, foi pega de surpresa por um e sorrio "Olha o que você me faz fazer...!".  E em voz alta, sem se preocupar com quem pudesse ouvir, repetiu. "Olha o que você, me faz fazer!". 8 andar. Abriu a primeira porta, a segunda, estava tudo escuro. Não muito diferente do que já estava, mas bem diferente do que esperava. Abriu a bolsa, apanhou o celular e com a luz do visor, iluminou a bolsa. Apanhou a chave, e abriu a porta e bateu a mão no botão. (esqueceu-se por alguns segundos, da falta de energia. Mas quando retomou a memória, junto, lembrou-se de uma terça-feira em que chegará na casa dele e baterá no botão. Também não tinha luz, mas lá havia sido proposital, agora não) Não conteve a emoção e pôs se a chorar. Com os olhos ardendo, o corpo tremendo por conta das roupas molhadas, foi tateando o corredor até chegar a cozinha. Pegou uma vela, acendeu e se despiu ali mesmo. Jogou tanto as roupas do corpo quanto as da mala na máquina (quase atira a mala na máquina, também).

No quarto, apanhou uma toalha, sentou-se na cama e sem saber que horas eram, pressupôs que aquela altura, ele certamente já teria lido a carta. O desespero a pegou de jeito. Ficou se perguntando se havia feito a coisa certa (no fundo sabia que sim, sabia que ele jamais pediria a ela pra se afastar, mas ela sabia que mesmo sem ele pedir, ele precisava desse tempo), se teria agido com coerência (sair daquela forma, mas de que outra sairia? Se o esperasse chegar, nunca partiria), se teria se precipitado (não, não tinha, era mesmo isso que tinha que fazer). Pensou em muita coisa, até que um raio iluminou todo o seu quarto e o estrondo do trovão, chamou-lhe atenção. Caminhou a passos lentos, quase que se arrastou até a janela e de pé, tremendo, gelada tanto por fora, quanto por dentro, postou-se diante a janela pra admirar a ira dos Deuses. Os raios pareciam dançar na chuva, os estrondos pareciam cantar pra ela, pareciam gritar, (seria ele, tentando dizer alguma coisa? Seria ele, dizendo que a perdoaria por isso, por aquilo, por tudo?). Parecia cair filetes de vidro do céu. Aquilo a acalmava, tanto quanto a intrigava. (ela parecia se ver de dentro pra fora, através da janela) Num repente a luz se acendeu, e ela voltou-se para dentro de casa. Só então se deu conta. As portas dos armários estavam todas abertas, o tapete do quarto estava enrolado ao pé da cama. A cama... sem lençóis, sem travesseiro... (deixará o travesseiro lá) ...tudo estava exatamente igual, a 25 dias atrás. (Faziam 25 dias que ela estava fora de casa, "droga, número impar, maldição")

Caminhou até a sala, apanhou o roupão que estava jogado no sofá, sabe-se lá há quanto tempo, vestiu e o encarou. (hoje seremos só você e eu Sr. sofá!) Nesta hora, uma lágrima cortou-lhe a face, e o choro rompeu como se uma inundação estourando a comporta de uma represa. Não teve forças pra chegar ao sofá, e sucumbiu-se a uma dor tão tamanha, que suas pernas não eram mais capazes de à sustentar. Encolheu-se, retorceu-se, adotou uma posição quase fetal. Queria espantar o frio, a angustia, o medo. O medo de estar perdendo, a angustia de talvez não ter feito tudo direito, o frio, que por mais quente que estivesse ali dentro, e seu corpo agora estive seco... a fazia tremer de tal jeito, que talvez se houvesse uma lareira ao lado de seu corpo, nem isso seria o suficiente pra frear o bater de seus dentes e o sacudir de seu queixo.

Precisava de um banho, precisava de uma cama macia e quente, precisava comer alguma coisa. Mas não precisava tanto de tudo isso, como precisava dele. Sem mais lutar contra tudo, e sem querer mais nada, agradeceu por chegar em casa (embora aquela, não parece mais sua.) sem ter cometido nenhuma bobagem.  E antes que perdesse a consciência, pediu a Deus que desse a ele, uma noite mais tranquila que fora a sua, que iluminasse sua mente e acalmasse seu coração. A Tempestade estava passando, e quem sabe pela manhã viesse a Bonança. E sem mais brigar contra o mundo, contra seus pensamentos, contra as suas atitudes, (Graças a Deus aquele dia tinha chegado ao fim... embora não estivesse preparada para o que iria surgir, ainda assim, agradeceu) adormeceu.
Por. Bell.B

25 junho 2012

Ultimas Linhas (Talvez)

Não conseguia se fixar no trabalho, desde a hora que acordou, estava se sentindo estranha. Muitas coisas estavam se passando em sua cabeça. A sensação era de perda, (olhou a bolsa, checou as coisas em cima da mesa, tudo em ordem) o que seria? Puxava o ar e ele parecia não entrar, contava até 10, mas não conseguia se concentrar. Pediu dispensa. Apanhou suas coisas e voltou pra casa. No caminho, apanhou o celular por algumas vezes e quando ia discar, desistia. (todas as vezes em que o atirou na bolsa, se perguntou o que estava havendo, mas não obteve respostas, em nenhuma delas). Deu sinal e desceu dois pontos antes do seu (detestava andar, mas a angustia a tirou do ônibus antes do seu ponto. Ela precisava pensar, caminhava quando seu coração se sentia apertado, era a maneira que encontrava de desabafar), estava frio, uma garoa fina caia, as ruas estavam quase desertas. (e estariam se não fosse por ela e mais alguns indivíduos perdidos na calçada, ou guiando seus carros pra algum lugar qualquer) Enquanto caminhava, tentava focar no que estava sentindo, e quanto mais tentava, mais aflita ficava. Olhou pro Céu, olhou para as árvores, olhou pro chão. Estava parecendo procurar alguma coisa, algo que a fizesse deixar de sentir pesada, confusa, triste. Em vão, já estava virando a esquina e de onde estava, já podia avistar o portão.
Enfiou a mão na bolsa e apanhou a chave. Seu coração pareceu parar, um nó subiu a sua garganta, e sem saber porque... começou a chorar. Apertou o passo, subiu os degraus correndo, tentou conter o choro (não queria ser vista daquele jeito por ninguém), abriu a porta depressa, e quem a viu naquele momento, poderia jurar que ela estava ou fugindo ou se escondendo de alguém. Atirou a bolsa na poltrona e deu "Graças" por estar em casa, mas quando se deu conta de estar, se apavorou. Havia naquele ambiente, um silêncio "ensurdecedor", algo que há muito não sentia. Eram como ecos de "almas presas no purgatório". Fechou os olhos, fez uma prece, e embora seus olhos estivessem fechados, as lágrimas começaram a escorrer. Ao abri-los, viu em cima da mesa um "bilhete".

"É como eu estou... confuso, perdido, sem rumo... quando eu to mal, não quero que fique tbm... sei que já brigamos por isso, mas eu, naturalmente, me isolo quando to assim, desculpa mô =/ tinhamú..."

Era isso, (ele não estava bem... por isso ela não estava também) era isso que estava deixando-a assim, confusa, perdida, sem rumo. Leu várias vezes o que ele havia dito, e leu bem mais. (eles tinham uma capacidade de captar as entre linhas um do outro, que chegava a ser assustador) Pensou em milhões de coisas naquele momento, pensou em ligar, pensou em mandar um sms, pensou em não pensar! Ouviu trovões, ao olhar pela janela, já não mais garoava, os pingos batiam violentamente contra a vidraça. (cada pingo contra o vidro, era um pedaço dela, contra o chão) Sem chão... assim estava ela. Embora o que acabará de ler, não fosse nada extravagante ou revelador, seu coração acusava mais. Algumas linhas, meias palavras, a força do dizer, sem ter que dizer nada. Serrou o punho com o bilhete na mão e subiu as escadas. Apanhou seus pertences, (eram poucos, quando mudou pra casa dele, não levou quase nada, por acreditar que com ele, tinha tudo o que precisava) fez sua mala, e antes de deixar a casa, escreveu "talvez" sua ultima carta. Enquanto escrevia, chorava compulsivamente, não sabia porque, o que lerá no bilhete nem era pra tanto, mas o pouco que leu, a fez agir assim. (ela era impulsiva, imediatista,compulsiva, emocional demais) Não seria ela, se tivesse agido diferente ou contra o seu sentir. Escreveu...

Eu não sabia por onde ou como começar, acabei ficando sem saber o que dizer, o que pensar. Num repente tudo começou a ficar confuso, embaçado, nebuloso outra vez! Então decidi "por mais uma vez", falar com você, pela forma que mais conseguimos nos expressar. Talvez sejam as ultimas linhas. E não sei porque, estou relatando isso. (Talvez porque, tenhas passado pra mim seu tormento, talvez porque, na tentativa de não me afetar com seus sentimentos, tenha me atingido em cheio, talvez porque, seu silêncio ou seu embaraço em tentar me convencer com poucas palavras, tenham me dito "quase tudo".) Acho que assim como eu, você também me sente! E explicar "as coisas" só acaba as deixando ainda mais complicadas. Mas eu não consigo, eu não sei, eu não posso me calar. Andas tão diferente. Ao encostar o ouvido em seu peito, sinto seu coração batendo mais fundo. Como se quisesse "esconder" algo de mim. Como se quisesse "ocultar" algo de si mesmo. Isso tem doido em mim. Quando te olho nos olhos, desvias o olhar. Parece estar tentando não se "mostrar", parece estar querendo evitar que eu descubra nas janelas de tua alma, algo que vá me machucar. Isso me assusta tanto. Quando fala comigo, suas cordas vocais parecem firmes, convincentes, sinceras. Mas a forma em que tentas controlar a intonação, a maneira em que tenta dominar a respiração, deixa meu peito apertado, faz com que meu coração bata descompassado, me tira do ar. Hoje quando olhei pela janela, tudo parecia normal, senão fosse por uma nuvem escura que avistei ao longe... Os olhos marejaram, o pulso acelerou, bateu uma vontade louca de sair correndo e de gritar "Estou aqui amor...". Não o fiz, não o farei. Respeitarei seu momento, deixarei que decida quando e onde. E esperarei que isso tudo, seja só um Temporal e que ele passe por nós... Sem deixar estragos. Estou indo, mas não pra sempre, e espero que me perdoe também. Apenas estou dando a você, o tempo que não teve CORAGEM de me pedir. De todo meu coração quero e desejo que fique bem, que se resolva e que saibas que independente do que aconteça, espero que venha me buscar. O endereço é o mesmo, mas se vier, venha com a certeza de que esta fazendo isso por você, não por mim.

... dobrou, colocou em cima da mesa junto as "chaves dele", e saiu.
Por. Bell.B

Demasia

 Vivem em mim inúmeras, se penso ou sinto... Talvez ignoro!
Quem é que pensa ou sente? Eu sinto!

Eu sou somente o lugar onde se sente ou se pensa, tenho mais almas que uma, há mais eu’s em mim, do que eu mesma sou capaz de contar. Existo todavia. Indiferente com alguns, dependente de outros Seletiva!

Os impulsos cruzados do que sinto ou não sinto, disputam em quem sou, espaço... Pois meu mundo não é como o dos outros.

... quero demais
... exijo demais


Há em mim uma sede de , uma angústia constante, que nem eu mesma compreendo, estou longe de ser um "ser" convencional, passivo, racional. Sou antes de tudo que quero ser, uma vontade insaciável de saber, sentir, conhecer, sou uma criatura exaltada , impulsiva, intensa...

... violenta
... sensível
... demasiada


Sou o que atrapalha o sono, o que perturba a mente, o que invade num repente o sossego, sou a pausa longa entre a dor e a respiração ofegante no ato de amor. Sou carne quente atada as ânsias de tudo, uma ALMA extremamente carente de todos... Do Mundo.
Adaptado Por. Bell.B

22 junho 2012

Só Via

 Só via... via um ponto forte de energia, algo que não se consegue nomear ou distinguir, talvez semelhante ao numero 1, sim, não eram 2, porque juntos, não havia plural, (embora ela detestasse números impares). Era só e nada mais o SINGULAR, e embora fossem 2 pessoas, eram apenas 1 coração que batia por duas almas, que se observada com calma, seria semelhante ao numero 8. Mas não de pé... Não quando se tratava deles. No caso deles, "no nosso caso" era um 8 molinho, preguiçoso como ela, e este simples numero, representa a totalidade do Universo como ele é pra ela. Como aquele, que há alguns anos atrás, ela estampou por toda a extensão do seu quadril, e que ora e outra, se pega de costas ao espelho, olhando pra ele, pra poder assim, enxergá-lo. Aquele número preguiçoso e deitado na pele dela (∞), que pra ambos, representam nada mais que... 
I N F I N I T O. NUNCA HAVERÁ FIM!
Por Bell.B

21 junho 2012

Sem Saber

 E em algum momento... quando a saudade bate cá e lá.
Eles se tocam sem saber!
Por. Bell.B

Tirem-me

E me tirem as vestes e ainda assim, serei forte com minha anatomia imperfeita. E só de pelos, atravessarei dias de sol e noites de inverno e sobreviverei. Me obriguem a caminhas por sobre chamas, a solas nuas. E sem fraquejar, sentirei arder as brasas em meu sustento, fazendo-me então forte por dentro. E ainda com feridas, seguirei. Cai o Céu sobre a Terra, lancem-se as Estrelas no Mar, e comece então o tão temido Apocalipse. E ainda assim, ficarei de pé, contemplarei a fúria da Natureza e não recuarei um passo sequer. Mas não, não me diga que não mais é possível, não queira me fazer aceitar o fim, não tente me convencer que o melhor pra nós dois, é partir ou trilhar outros rumos. Não me diga que precisa ir, não me peça pra sair. Porque sou forte pra encarar a ira dos Deuses, sou corajosa pra enfrentar os terríveis e assustadores Demônios das Trevas, mas sou incapaz de conseguir pular uma poça d’água, se do outro lado, não estiver você de pé... rindo das minhas molecagens. Sou fraca a ponto de não ter forças pra repartir uma mera migalha, se não for a sua palma a esperar a parte que eu parta, sem você, eu sou apenas um corpo a vagar sem alma, sou apenas uma vida qualquer a procura de nada.
Por. Bell.B

16 junho 2012

Parasita

Já era tarde, a casa estava em silêncio, nenhuma canção de fundo. A única luz no ambiente, era a de uma vela, que acenderá ao lado de um incenso de canela. (ela adorava velas, adorava incenso, adora o clima que ambos proporcionavam ao seu espirito. Chamava esta sensação, de PAZ.) E teria sido mesmo, uma noite de paz, senão pela sua maldita insonia. Esta, que a fizera depois de muito lutar "pra não", ligar o PC. Enquanto esperava a máquina ligar, foi a cozinha e passou um café. Voltou, colocou o maço com o fósforo (quase sempre usava fósforos pra acender o cigarro. Não por não ter isqueiro, mas sentia certo prazer em riscar o fósforo e ver a pólvora pegar fogo. E por mais estranho que fosse, também gostava do cheiro) e a xícara na mesa, estalou os dedos e sem saber exatamente o que iria fazer ali tão cedo, conectou. Pensou em escrever, pensou em só ler, pensou em só ouvir músicas ou só ver vídeos. E enquanto pensava, lembrou-se de um msn que tinha (das antigas), logou nele. "Ninguém ON", pudera, eram quase 5:30 AM, quem estaria em plena manhã de sábado, á esta hora (além dela) sentada de frente a um PC. Tinha poucos contatos ali, talvez alguns, nem fossem mais "contatos". Não entrava ali há mais ou menos uns 2 anos. E na verdade, nem sabia porque tinha entrado. "Deixou logado", abriu sua pasta de músicas e "executou uma". Enquanto ouvia as canções, foi ficando meio "nostálgica, deprimida/triste talvez". Ao se dar conta do que estava sentindo. Se deu uma bronca. ("Ei... o que é isso, pare já!?") E antes mesmo de poder tomar o controle, uma janela subitamente pulou na frente da tela.

Ele: - Perdida?
 Ela: - Sempre! (e sorrio)
(Levou um susto, um calafrio percorreu-lhe o estômago)

Ele: Tudo bem com você?
Ela: Tudo sim, e com você?
(Ela tinha tantas perguntas pra fazer, mas de alguma maneira, talvez pela situação que estavam, pelo tempo que não se falavam, acabou só respondendo e não perguntando nada.)

Ele: Tudo indo, corrido, mas tranquilo. 
Agora, se bem a conheço, bem, bem, você não esta.
Ela: Porque acha isso?
(Mas antes mesmo de questionar, sabia que ele "saberia" que realmente não estava bem, por mais que dissesse estar. Ele a conhecia, conhecia além do ato "teclar". Ainda assim, tentou passar a impressão de estar mesmo, bem.)

Ele: Ora Bell, acha mesmo que só porque não nos falamos a tempos, não sinto você, não consigo identificar seus sentimentos? Esta de virada não é?
Ela: Rs, sim, estou. Cheguei tarde e não consegui dormir. Pensamentos...
Ele: (completando) ...Pensantes! É isso? Pensamentos Pensantes. Você sempre usa essas duas palavras pra "omitir" dor e tristeza. Será que errei?
Ela: Você é um chato!
Ele: Costuma apelar pros adjetivos ofensivos, quando não consegue ser convincente. rs
Ela: Senti saudades sabia?
Ele: Eu ainda sinto, sabia?
Ele: Preciso ir, senão perco a carona. E olha, eu não sei o que é, e ao contrario do que fiz a vida toda, desta vez não irei te apertar. Sabe aonde e como me encontrar. Meu número ainda é o mesmo, é só ligar!
Ela: Brigada! Sei sim. Bom dia!
Ele: Se o seu for, o meu será também ;) (algumas coisas não mudam)
Ele: Off
Ela: On

Assim que ele saiu, não conteve as lágrimas, talvez elas não tivessem rolado antes, pela surpresa em encontrá-lo. É verdade que antes mesmo de ele aparecer, ela já não estava bem. Já estava se sentindo meio "down", mas alguma coisa nele, na forma dele falar, a fez desmoronar. (um misto de emoções e pensamentos começaram a se misturar em sua cabeça, bateu saudade, bateu tristeza, sorrio por revê-lo, chorou também...) Rolou a barra e voltou a ler a conversa. Tinha sido rápida, nada demais, nada além, nada que já não tivesse acontecido entre eles, em várias outras "tantas"conversas. Mas alguma coisa nele estava diferente. Ela não o viu (cam desligada), ela não o ouviu (fone desconectado), mas ela sentiu. Conseguiu ver/sentir em poucos minutos, o que não foi capaz de enxergar por anos. Ele conseguiu fazer o mesmo, também a sentiu sem a ver ou ouvir. (Se bem que, ela era péssima em esconder seus sentimentos). SILENCIO... Fechou tudo (msn, navegador), ficou congelada de frente ao monitor. Na verdade, estava tentando entender o que "exatamente estava sentindo", estava tentando desfragmentar tudo aquilo. De repente uma névoa negra, pousou sobre ela, seus olhos começaram a arder, seus punhos serraram. Sentiu doer tanto por dentro, que se fosse capaz, abriria e tiraria com as mãos, a bola enorme que parecia se formar em seu peito. Chorou compulsivamente, tanto que em alguns momentos, forçou a si  mesma a levar a mão contra os lábios, pra silenciar os soluços que pareciam não ter freios. O que teria acontecido com ele, com ela, com eles? (sempre dividiam tudo, não se desgrudavam um minuto. Riam, choravam, brigavam, se odiavam quase sempre. Tinham uma ligação absurda, tão... que quando estavam impossibilitados de se falarem, usavam a telepatia. E acredite ou não, ela realmente acontecia. Falavam da vida um pro outro, falavam da vida dos outros, pareciam ligados por magia. Juravam por ai, que eles eram almas gêmeas. E eles também se sentiam assim. Eram mais que amigos, mais que irmãos, eram eles. E eram tudo um pro outro... Eram!) Voltou a fita, como quem tenta achar um detalhe qualquer, um motivo, uma cena perdida! E enquanto voltava, se arrependia. A cada pausa que dava, chorava, sorria. Desistiu da busca. Deixou-se levar pelos momentos, pelas passagens, atravessou o tempo. Se viu, o viu, viveu outra vez seus momentos... (Teve colo, teve parceria, teve amor, teve apoio, teve ajuda, teve tudo com ele.) ... ao voltar a fita, entendeu. Entendeu que durante esse tempo todo, era ele quem dava, partilhava, entregava. Ela só recebia, sentiu-se um "parasita" e ao se sentir assim, compreendeu... Ele não era mais aquele menino que dava tudo que tinha a ela, que a fazia se sentir a única mulher da face da Terra, ele havia amadurecido. Ela não tinha deixado de ser importante pra ele ou pra vida dele. Não tinha deixado de amá-la, querelá bem, não tinha deixado de sentir saudades, e sentia. Afinal, foram sempre tão próximos, tão íntimos, eram grandes e verdadeiros amigos. Ele só não era mais, "apenas um menino". Ele havia crescido, mas ela... "ainda não".
Por. Bell.B

14 junho 2012

Olhos de Jabuticaba


... E seus olhos voltaram a brilhar fulgurantes, como jabuticabas, revelando a pureza de sua alma.
Por. Edilene Borinelli

13 junho 2012

Ontem


Sentiu algo roçar os fios embaralhados em seu rosto, apertou os olhos sem abri-los e brigando com a preguiça, acabou perdendo feio ao escutar “Mô... já ta quase na hora...”. Esfregou o rosto contra o travesseiro, afim de se livrar do seu enorme “mau humor” matinal. (nunca sorria ou expressava alegria ao acordar, embora fosse extremamente grata por estar abrindo os olhos por mais um dia) Alguns segundos se passaram, respirou fundo, ajeitou da forma que pode (naquele momento) os cabelos e sorrindo pra ele (aquele sorriso amassado), o saudou. “bom dia, Mô”. (Mas não se levantou) Ele já tinha descido, preparado o café, e ela pra variar, ainda lutava pra sair da cama. (se fosse noite, já teria se levantado. Pra ela, o bom seria se todos os dias “fossem noite”) Num repente ele voltou a surgir na porta do quarto e sem ”muitas palavras” a fez entender que já estavam “quase” atrasados. (Levantou).

Enquanto se arrumava (e isso parecia levar mais tempo do que pra levantar), ouvia barulhos no andar de baixo. Entre várias coisas que pensava e planejava, (ou tentava) era surpreendida com um sorriso, uma frase, um olhar dele. (mesmo quando, ele não estava tão perto) Nessas horas, acabava sorrindo e perdendo a meada do raciocínio. Sacudia a cabeça, esfregava as palmas das mãos no rosto, fixava o olhar em um ponto qualquer, na tentativa de “enfim” conseguir foco. Foco em que? E quem quer saber?! Foda-se! As coisas estavam seguindo de uma maneira “surpreendentemente” diferente do seu “habitual”.  Vivia com suas horas contadas, suas tarefas agendadas, seus compromissos na ponta do “marca texto”. Pontualidade, honrar compromissos, cumprir suas tarefas, eram LEI. Nunca se perdoava, quando algo não saia (ou) saia de seu controle. Porém... aquele menino/homem havia mudado “quase nada” nela, mas fora tão radical, que aparentemente TUDO estava diferente com ela”.

Enquanto estava na dúvida (preto ou areia) entre qual blusa por, ele atravessou o closet com um ar de “desafio” que a fez “outra vez” perder o rumo. Ficou ali de pé com uma blusa em cada mão, perplexa, observando os movimentos dele... (vestiu a calça, depois as meias, olhou para as camisas, dedilhou algumas, como quem parece estar na dúvida. (ela odiava vê-lo provocá-la assim) Apanhou a branca (ele sabia que ela adorava essa combinação) e em menos de 10 minutos estava pronto. (lindo, tão lindo que a fez ficar ainda mais irritada) Vestiu a preta, colocou a calça, subiu nos saltos. Estava “agora” também pronta).  Desceram, apanharam seus objetos pessoais (inseparáveis) e saíram. Embora tivessem cumprido todos os primeiros “rituais” do dia, a sensação que ela tinha, era de que “faltava algo”. Esforçava-se pra lembrar e quando estava quase lá, ele despistou-a com um selinho. Por estarem atrasados e não terem até o trabalho (o mesmo caminho), apressaram-se. Ele pro seu lado, ela pro dela.  A uns 20 passos de distancia, antes que ele sumisse de seu alcance visual ao virar a esquina, ela voltou o olhar pra trás e coincidentemente ou não, ele tinha feito o mesmo. Se olharam, sorriram um sorriso carregado de “bom dia/te amo” e voltaram rumo aos seus destinos.

Durante o dia todo, ela ficou presa aquela sensação. Não perdeu nenhum de seus compromissos, fez tudo que tinha e precisava fazer. As horas pareciam se arrasta. (era sempre assim pra ela) Mas alguma coisa parecia não ter sido cumprida ou feita. Mas o que? Tinha sido ágil e por isso, ganhou 40 minutos sem que precisasse olhar o relógio e cumprir qualquer tarefa. Apanhou a agenda a revisou. (nada) Mas ainda estava angustiada. (estranha) Agora estava incomodada. Não tinha mais o que fazer, mas lhe faltava. (e não era tempo, ainda tinha 36 minutos) “Ok!” (disse a si mesma) “Pense garota! Pense!” (estava quase entrando em pânico, quando sua inquietação foi interrompida por uma campainha. “sinal de saída”) Apanhou suas coisas, e deu Graças por estar indo pra casa. Mesmo cansa, apertou o passo. Precisava chegar em casa e dividir com ele seu dia. Tinham o costume de contar um ao outro, o que se passava quando não estavam juntos. Enquanto caminhava olhando a “vida”, viu um casal discutindo. O rapaz tinha nas mãos um embrulho bonito, mas a garota tinha nos olhos, lágrimas. Falavam num tom sério e alto. Pareciam não se importar, com quem pudesse ouvir o que falavam. Entre as frases que um jogava na cara do outro ali, uma a fez lembrar o que quase há consumiu o dia todo. “EU NÃO QUERO PRESENTE DE DIA DOS NAMORADOS! QUANDO VAI ENTENDER QUE O QUE QUERO É VOCÊ!” Olhou pro relógio (soltou um “caralho” no meio da rua), o nó subiu pela sua garganta e a fez correr. Agora ela tinha e não tinha tempo. Enquanto corria, pensou em parar em uma loja, uma bomboneria, precisava chegar em casa com alguma coisa nas mãos. Como pode esquecer? Como foi capaz de não lembrar!? (Não parou) E quando se deu conta, já estava de pé na frente da porta, com a chave nas mãos. (não esteja em casa “repetiu isso em pensamento por 2 vezes”, assim teria um pouco mais de tempo pra preparar algo). Abriu a porta.

Ofegante e muito cansada, atirou a bolsa na poltrona, jogou as chaves na mesinha e bateu a mão no botão. (a luz não acendeu e seu coração disparou, parecia haver uma revoada de borboletas em seu estômago) Os dois primeiros passos, foram dados com receio/medo talvez. Quando adentrou de vez na sala de jantar, seu olhar alcançou a luz das velas, a mesa posta e as flores. (Mas nada daquilo, era mais lindo ou mais perfeito, do que aquele olhar. Do que a forma que ele tinha de olhar pra ela. Se não houvesse as velas, a mesa posta, a surpresa, ainda sim, seria perfeito. Era ELE! Ele quem movia os sentidos na vida dela. Ele que fazia de qualquer momento comum... MAGIA) Não conteve a emoção e ao ouvi-lo “Feliz dia dos namorados, minha eterna namorada!” desabou. Estava tudo lindo, perfeito. Viu ele fazer, o que ela havia a menos de 2 minutos projetado em mente. Em meio a milhões de pensamentos (desordenados) sem dizer absolutamente nada. (não por não querer, não por não saber, mas por não conseguir) Apanhou as flores, o beijou e num misto de surpresa, paixão e amor, entregou-se a ele. Não jantaram, quase não falaram. Amaram-se ali mesmo, entre a luz das velas e o calor do momento. Dormiram no tapete, ele vestido dela, e ela coberta dele. 
Por. Bell.B

11 junho 2012

Não é...

 Não é a força que seus braços demonstram ter, que me deixam sem ação... Mas a sutileza a qual, teus punhos pesados, me tocam. Não é o seu olhar sério, mirado aos meus, que me intimidam... Mas sim, o brilho que refletem os meus, ao ver a verdade nas tuas retinas. Não é o tom seguro e certo da sua voz, que me estremece... São os teus sussurros, quase que mudos ao pé do meu ouvido, que me fazem perder completamente o rumo. Não são as tuas promessas, que me seguram, nem o peso de seriedade que ecoa das tuas cordas vocais que me prendem... É o movimento pausado dos teus lábios atrevidos que me roubam a paz e me tiram o juízo e fazem das minhas decisões sensatas, apenas pensamentos repentinos.

Não é o que você diz sentir por mim, que me fascina. Nem são as tuas juras malucas que me encantam... É a maneira em que simplificas as coisas mais absurdas, é o modo em que me faz acreditar que sejam sonhos, as mais absurdas loucuras. É a maneira em que suspiro fundo a cada pausa tua, a forma em que meu organismo reagi as tuas pronuncias... Sem controle, sem medo... Segura!

Não é o que sonhamos que me assusta.... 

Nem são as vontades que temos, que me encabula...

... É o medo de acordar
... É a ânsia de viver
... É a vontade de estar

É saber que ali, logo em frente...
... o nosso futuro está.
Por. Bell.B

Anjo

 Anjo de armadura pura, faz trilha nas minhas impuras fantasias,
e toma do solo da minha inconsciência, sangue nas mãos.
Anjo que fere seus olhos ao perceber meu olhar em vão.
Anjo que se perde nos meus lábios secos e na minha doce solidão.

Anjo que luta pra salvar-me do fogo, que inferniza o coração.
Anjo que se lança em meu dorso e galopa na minha imaginação.
Anjo que tenta salvar, mais uma alma da desilusão.

Anjo que me pergunta:
- Quem te perturba?
- Quem te força a caminhar na estrada da solidão?

E eu respondo ao Anjo da salvação:
- O amor me perturba, pois quem eu amei me largou no chão,
e sem ele não há caminho, se não o da escuridão!

- Querido ser da criação!
Podes não ser a mais bela das afortunadas;
Mais é o mais doce ser criação!
(Diz-me o Anjo).

Eu bato as mãos contra o peito e jogo o pó da desilusão no chão.
Olho pro meu Anjo e o agradeço com satisfação.
Pois hoje renasci das cinzas e ele me fez perceber que nada na vida é em vão!

A decepção causa sofrimentos, mais a superação, satisfação!
                                                                                                   Por. Bell.B

Garoto


Garoto,
Que me encanta a alma.
Que me faz ver o quanto ainda sou mimada.

Garoto,
Que me tira o juízo.
Que me perturba com sorrisos 
e me faz sonhar, quando ainda estou acordada.

Garoto,
Que de tudo tira sarro,
 que não teme o futuro e que debocha do passado.

Garoto,
Que me deixa a duvidar das palavras que fala.
Pois não sei se fala sério ou se apenas quer fazer graça.

Garoto que me seduz e que me deixa zonza.
Que faz de mim mulher feita, apenas uma inocente criança.
Por. Bell.B

01 junho 2012

Esse Amor

Tinha adiantado quase tudo, no dia anterior. Fez isso, no intuito de dormir até mais tarde e quando acordasse, era só se trocar e partir. Mas quem disse que ela conseguiu?!

Abriu os olhos, ainda estava escuro. Pensou... “Durma mais um pouco, esta tudo em ordem”. Mas quando foi fechar os olhos e tentar voltar a dormir, sentiu a respiração dele no pé de sua nunca. Os braços a puxando contra seu colo, como se ele tivesse tentando se encaixar nela. Ela sorrio ao sentir o abraço, ajeitou o quadril dela no dele, e o abraçou, como se estivesse tentando se laçar a ele. “Ansiosa?” Perguntou ele. “Um pouco.” Respondeu ela, baixinho. Ele roçou a pontinha do nariz no ombro dela, e aproximando os lábios de seu ouvido, fez “Shiuuuú... minha menina”. Ela fechou os olhos lentamente enquanto ouvia o pedido de silêncio dele, e sorrio. Não disseram mas nenhuma palavra. (silêncio) Talvez tenham se passado uns 10 minutos, e ele conseguirá voltar a pegar no sono. Mas ela não!

Quando estava segura de que ele não acordaria com seus movimentos, foi “escorregando” dos braços dele, até que estivesse livre para se levantar. (pensou em ir à cozinha, mas acabou não saindo do lugar) Iria passar alguns dias fora, e embora tivesse acostumada a partir, tinha sempre a sensação, de que era a primeira vez, que iria deixá-lo. Sentou-se na beiradinha da cama, e por alguns minutos, ficou o observando dormir. Pendia a cabeça para um lado, depois pro outro. Sorria com o indicador no cantinho dos lábios. Milhões de coisas passavam pela sua cabeça. As sensações se mixavam no peito, eram suspiros atrás de suspiros, cada vez mais intensos. Sentiu vontade de acordá-lo, queria aproveitar o maior tempo possível ao seu lado, antes de ir. Mas não o fez, ele dormia tão serenamente, que seria um crime hediondo, tirá-lo daquela paz. Então decidiu relatar, de uma forma “bem tradicional” o que estava sentindo. Apanhou papel, lápis, e ali mesmo, no cantinho da cama, entre uma olhada nele, um pensamento vago e um suspiro, começou a riscar...

Bom dia Vida! Quando estiver lendo isto, já estarei na estrada. Não tive coragem de acordá-lo para me despedir. Então resolvi, deixar esta carta, pra que nos momentos de saudade, você a pegue e lembre-se de mim. Provavelmente, ela seria desnecessária, porque eu sou inesquecível, com ou sem papel. (E não ria não... Acaso disse alguma bobagem? rs Te amo sabia?!) Ai ai... tu não tem ideia, quanto é, o bem que me faz. Enquanto estou aqui sentada escrevendo e te olhando, fotografando cada expressão sua com as minhas retinas, gravando em meus ouvidos, cada pequeno ruído que faz, me pergunto se mereço mesmo tudo isso, se sou digna de ter/estar ao seu lado! (Cala Boca!! Não me questione, só me leia/ouça!) Sei que já te disse isso várias vezes, não sei nem contar, mas sempre que tenho oportunidade, acho que vale a pena, voltar a falar. Tu mudou o rumo da minha vida Cara! Pintou sorrisos, bordou suspiros, espantou meus pesadelos. Teceu felicidade em mim. E sempre que olho pro céu, agradeço a Deus, por ter mandado á mim, um Anjo que embora não tenha asas, me ensinou que é preciso pouca coisa, para voar, para acalçar o paraíso. Agradeço a Ele, por ter me permitido, sentir o Amor, na sua natureza crua. Sem adornos, enfeites, ilusões... Eu agradeço! E no meio das minhas orações, peço a Ele, que acampe seus anjos, sobre sua casa. Que abençoe sua vida, que não lhe deixe faltar nada. E quando digo nada, refiro-me ao "tudo" que poucos são capazes te ter na vida. Esperança, força, Amor! Esse amor que transforma, que muda, que molda! Esse que tenho, graças a você. Este amor que me faz ver através da janela, o Céu cinza "cor de rosa", esse amor que me faz ouvir em canções "sua voz", esse amor que através de beijos de novela, cenas de filmes, casais de comerciais, me faz te ver/me ver/te sentir. Eu suspiro de vagar, e confesso que não me encabulo ao dizer, que as lágrimas não param de rolar. Chegam até a me atrapalhar. Mas o que posso fazer? Como posse evitar, o que me faz sentir? Até quando choro, tu entre uma lágrima e outra, me faz sorrir. Eu tenho muito mais coisas a relatar a você, mas acabo de olhar o relógio e já esta quase na minha hora. Vou me despedindo por aqui, e que fique junto a estas linhas, parte de mim. Pra que nas próximas duas noites, tu me encontre aqui. Cuide-se, aproveite o final de semana, e não esquente com a casa, segunda eu cuido de tudo. Fique bem meu Amor. Beijos...

 
 ... Dobrou ao meio o papel, colocou sobre o travesseiro, deu um beijo no cantinho dos lábios dele e saiu. Ao fechar a porta da frente, sentiu seu coração batendo apertado, uma lágrima desceu de seu olho e morreu em seu lábio. Apertou os olhos, e tirando a chave da porta disse baixinho...  "Parte tua vai comigo, metade de mim, fica ao teu lado."
Por. Bell.B