13 junho 2012

Ontem


Sentiu algo roçar os fios embaralhados em seu rosto, apertou os olhos sem abri-los e brigando com a preguiça, acabou perdendo feio ao escutar “Mô... já ta quase na hora...”. Esfregou o rosto contra o travesseiro, afim de se livrar do seu enorme “mau humor” matinal. (nunca sorria ou expressava alegria ao acordar, embora fosse extremamente grata por estar abrindo os olhos por mais um dia) Alguns segundos se passaram, respirou fundo, ajeitou da forma que pode (naquele momento) os cabelos e sorrindo pra ele (aquele sorriso amassado), o saudou. “bom dia, Mô”. (Mas não se levantou) Ele já tinha descido, preparado o café, e ela pra variar, ainda lutava pra sair da cama. (se fosse noite, já teria se levantado. Pra ela, o bom seria se todos os dias “fossem noite”) Num repente ele voltou a surgir na porta do quarto e sem ”muitas palavras” a fez entender que já estavam “quase” atrasados. (Levantou).

Enquanto se arrumava (e isso parecia levar mais tempo do que pra levantar), ouvia barulhos no andar de baixo. Entre várias coisas que pensava e planejava, (ou tentava) era surpreendida com um sorriso, uma frase, um olhar dele. (mesmo quando, ele não estava tão perto) Nessas horas, acabava sorrindo e perdendo a meada do raciocínio. Sacudia a cabeça, esfregava as palmas das mãos no rosto, fixava o olhar em um ponto qualquer, na tentativa de “enfim” conseguir foco. Foco em que? E quem quer saber?! Foda-se! As coisas estavam seguindo de uma maneira “surpreendentemente” diferente do seu “habitual”.  Vivia com suas horas contadas, suas tarefas agendadas, seus compromissos na ponta do “marca texto”. Pontualidade, honrar compromissos, cumprir suas tarefas, eram LEI. Nunca se perdoava, quando algo não saia (ou) saia de seu controle. Porém... aquele menino/homem havia mudado “quase nada” nela, mas fora tão radical, que aparentemente TUDO estava diferente com ela”.

Enquanto estava na dúvida (preto ou areia) entre qual blusa por, ele atravessou o closet com um ar de “desafio” que a fez “outra vez” perder o rumo. Ficou ali de pé com uma blusa em cada mão, perplexa, observando os movimentos dele... (vestiu a calça, depois as meias, olhou para as camisas, dedilhou algumas, como quem parece estar na dúvida. (ela odiava vê-lo provocá-la assim) Apanhou a branca (ele sabia que ela adorava essa combinação) e em menos de 10 minutos estava pronto. (lindo, tão lindo que a fez ficar ainda mais irritada) Vestiu a preta, colocou a calça, subiu nos saltos. Estava “agora” também pronta).  Desceram, apanharam seus objetos pessoais (inseparáveis) e saíram. Embora tivessem cumprido todos os primeiros “rituais” do dia, a sensação que ela tinha, era de que “faltava algo”. Esforçava-se pra lembrar e quando estava quase lá, ele despistou-a com um selinho. Por estarem atrasados e não terem até o trabalho (o mesmo caminho), apressaram-se. Ele pro seu lado, ela pro dela.  A uns 20 passos de distancia, antes que ele sumisse de seu alcance visual ao virar a esquina, ela voltou o olhar pra trás e coincidentemente ou não, ele tinha feito o mesmo. Se olharam, sorriram um sorriso carregado de “bom dia/te amo” e voltaram rumo aos seus destinos.

Durante o dia todo, ela ficou presa aquela sensação. Não perdeu nenhum de seus compromissos, fez tudo que tinha e precisava fazer. As horas pareciam se arrasta. (era sempre assim pra ela) Mas alguma coisa parecia não ter sido cumprida ou feita. Mas o que? Tinha sido ágil e por isso, ganhou 40 minutos sem que precisasse olhar o relógio e cumprir qualquer tarefa. Apanhou a agenda a revisou. (nada) Mas ainda estava angustiada. (estranha) Agora estava incomodada. Não tinha mais o que fazer, mas lhe faltava. (e não era tempo, ainda tinha 36 minutos) “Ok!” (disse a si mesma) “Pense garota! Pense!” (estava quase entrando em pânico, quando sua inquietação foi interrompida por uma campainha. “sinal de saída”) Apanhou suas coisas, e deu Graças por estar indo pra casa. Mesmo cansa, apertou o passo. Precisava chegar em casa e dividir com ele seu dia. Tinham o costume de contar um ao outro, o que se passava quando não estavam juntos. Enquanto caminhava olhando a “vida”, viu um casal discutindo. O rapaz tinha nas mãos um embrulho bonito, mas a garota tinha nos olhos, lágrimas. Falavam num tom sério e alto. Pareciam não se importar, com quem pudesse ouvir o que falavam. Entre as frases que um jogava na cara do outro ali, uma a fez lembrar o que quase há consumiu o dia todo. “EU NÃO QUERO PRESENTE DE DIA DOS NAMORADOS! QUANDO VAI ENTENDER QUE O QUE QUERO É VOCÊ!” Olhou pro relógio (soltou um “caralho” no meio da rua), o nó subiu pela sua garganta e a fez correr. Agora ela tinha e não tinha tempo. Enquanto corria, pensou em parar em uma loja, uma bomboneria, precisava chegar em casa com alguma coisa nas mãos. Como pode esquecer? Como foi capaz de não lembrar!? (Não parou) E quando se deu conta, já estava de pé na frente da porta, com a chave nas mãos. (não esteja em casa “repetiu isso em pensamento por 2 vezes”, assim teria um pouco mais de tempo pra preparar algo). Abriu a porta.

Ofegante e muito cansada, atirou a bolsa na poltrona, jogou as chaves na mesinha e bateu a mão no botão. (a luz não acendeu e seu coração disparou, parecia haver uma revoada de borboletas em seu estômago) Os dois primeiros passos, foram dados com receio/medo talvez. Quando adentrou de vez na sala de jantar, seu olhar alcançou a luz das velas, a mesa posta e as flores. (Mas nada daquilo, era mais lindo ou mais perfeito, do que aquele olhar. Do que a forma que ele tinha de olhar pra ela. Se não houvesse as velas, a mesa posta, a surpresa, ainda sim, seria perfeito. Era ELE! Ele quem movia os sentidos na vida dela. Ele que fazia de qualquer momento comum... MAGIA) Não conteve a emoção e ao ouvi-lo “Feliz dia dos namorados, minha eterna namorada!” desabou. Estava tudo lindo, perfeito. Viu ele fazer, o que ela havia a menos de 2 minutos projetado em mente. Em meio a milhões de pensamentos (desordenados) sem dizer absolutamente nada. (não por não querer, não por não saber, mas por não conseguir) Apanhou as flores, o beijou e num misto de surpresa, paixão e amor, entregou-se a ele. Não jantaram, quase não falaram. Amaram-se ali mesmo, entre a luz das velas e o calor do momento. Dormiram no tapete, ele vestido dela, e ela coberta dele. 
Por. Bell.B

Um comentário:

  1. às vezes eu tenho vontade de te bater... completa minhas reticencias, faz meu dia sorrir... quando eu penso que escrevi algo bom, vem tu e completa os pontos que eu não tinha escrito... me leva as lágrimas assim tão fácil que parece q achou em mim, o botão que liga o suspiro, que faz o tumtum se acelerar... às vezes eu tenho vontade de te bater, de leve com aquele sorriso de canto "filhada..."

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