Olhou uma, duas, três e pra não perder o costume, pela
quarta vez para o corpo da mensagem (O TOC estava de volta). Aquela
resposta era no mínimo estranha. (Quem é?) Como poderia não saber, como
poderia ter esquecido. Uma avalanche de emoções a acertou em cheio. Sentiu como
se uma flecha tivesse atravessado seu peito. Não por pensar que de fato ele a
tivesse esquecido, não por achar que ele realmente não soubesse que aquele
numero fosse o dela. Mas pelo contrario... Sentiu-se mal por saber que ele
sabia. E esta certeza desordenou todos os seus pensamentos. Ela havia
enfrentado a si mesma, lutado contra todos os seus princípios e rompido com todas
as suas promessas pra se deparar com isso. Seria mesmo possível que ele fosse
tão frio, tão calculista, tão vingativo!? Claro que seria... Afinal, ele sabia
que era ela, e que ela estava lá por conta das tantas outras mensagens que ele
havia enviado anteriormente.
Alguns segundos se passaram até que ela retomasse consciência
e percebesse que ir até lá havia sido um erro. De certa forma, sentiu-se
aliviada. (Graças a Deus não procurou
pela chave e não foi entrando de cara. Lembrou-se de uma frase que sua avó
sempre dizia... “Cuidado ao fazer uma surpresa, pois você pode ser
surpreendido.” ... Tão sabia era aquela velhinha.) E foi exatamente o que
aconteceu com ela. Por alguma razão não só entendeu como sentiu que aquela resposta era mais uma vez sua chave (nada mais os ligava, os prendia, nada). Ele
já havia feito isso antes e ela ou muito burra ou muito ingênua não havia se
dado conta. Mas desta vez foi diferente. Entendeu perfeitamente. Respirou
fundo, clicou em cima da mensagem “apagar”
e caminhou em direção ao carro. Tinha um longo caminho de volta e muitas
horas pra reorganizar seus sentimentos, seus pensamentos, suas emoções.
Aquela era uma situação um tanto quanto estranha pra ela,
mas nada que a fizesse desistir, que a fizesse parar. Ela era muito boa em se
reconstruir, em se reestruturar. Ascendeu os faróis, deu partida e saiu. Durante
a volta se perguntou enumeras vezes, porque diabos
havia ido até lá. Mas aquela altura, isso não importava mais. Ela era mesmo
assim, emotiva, movida, impulsionada ao que sentia. Não se importava com as consequências,
quando sentia vontade ia lá e fazia. Desta vez as coisas não aconteceram como
ela esperava, mas e daí!? Graças ao bom Deus, depois de toda tempestade vem
sempre à calmaria.
Por Bell.B