18 agosto 2014

Imperdoável


Um coração culpado é silencioso,sua batida é abafada pelos segredos que guarda, enquanto uma confissão pode aliviar a alma torturada outros as veem como sinal de fraqueza. Porque finalmente, o que quer que diga, como quer que se sinta sobre o que fez é irrelevante. Para a mão da morte, é igualmente imperdoável...
Por. EmilyThorne/Revenge

13 agosto 2014

Resposta



Olhou uma, duas, três e pra não perder o costume, pela quarta vez para o corpo da mensagem (O TOC estava de volta). Aquela resposta era no mínimo estranha. (Quem é?) Como poderia não saber, como poderia ter esquecido. Uma avalanche de emoções a acertou em cheio. Sentiu como se uma flecha tivesse atravessado seu peito. Não por pensar que de fato ele a tivesse esquecido, não por achar que ele realmente não soubesse que aquele numero fosse o dela. Mas pelo contrario... Sentiu-se mal por saber que ele sabia. E esta certeza desordenou todos os seus pensamentos. Ela havia enfrentado a si mesma, lutado contra todos os seus princípios e rompido com todas as suas promessas pra se deparar com isso. Seria mesmo possível que ele fosse tão frio, tão calculista, tão vingativo!? Claro que seria... Afinal, ele sabia que era ela, e que ela estava lá por conta das tantas outras mensagens que ele havia enviado anteriormente.

Alguns segundos se passaram até que ela retomasse consciência e percebesse que ir até lá havia sido um erro. De certa forma, sentiu-se aliviada. (Graças a Deus não procurou pela chave e não foi entrando de cara. Lembrou-se de uma frase que sua avó sempre dizia... “Cuidado ao fazer uma surpresa, pois você pode ser surpreendido.” ... Tão sabia era aquela velhinha.) E foi exatamente o que aconteceu com ela. Por alguma razão não só entendeu como sentiu que aquela resposta era mais uma vez sua chave (nada mais os ligava, os prendia, nada). Ele já havia feito isso antes e ela ou muito burra ou muito ingênua não havia se dado conta. Mas desta vez foi diferente. Entendeu perfeitamente. Respirou fundo, clicou em cima da mensagem “apagar” e caminhou em direção ao carro. Tinha um longo caminho de volta e muitas horas pra reorganizar seus sentimentos, seus pensamentos, suas emoções.

Aquela era uma situação um tanto quanto estranha pra ela, mas nada que a fizesse desistir, que a fizesse parar. Ela era muito boa em se reconstruir, em se reestruturar. Ascendeu os faróis, deu partida e saiu. Durante a volta se perguntou enumeras vezes, porque diabos havia ido até lá. Mas aquela altura, isso não importava mais. Ela era mesmo assim, emotiva, movida, impulsionada ao que sentia. Não se importava com as consequências, quando sentia vontade ia lá e fazia. Desta vez as coisas não aconteceram como ela esperava, mas e daí!? Graças ao bom Deus, depois de toda tempestade vem sempre à calmaria.
Por Bell.B

Deixa...

Deixa o sol bater na cara...
 Pouca Vogal - Girassóis

04 agosto 2014

Velho (Des)conhecido Prt II



Apagou os faróis, as luzes de mercúrio já estavam acesas. Tirou o pé do acelerador e à medida que ia se aproximando lentamente da casa, seu coração disparava. Estacionou. As duas mãos seguravam firmemente o volante, o ar parecia não alcançar os pulmões, a perna esquerda sofria espasmos... (A sensação que tinha era de que estava passando por um “exame de direção”). Apanhou o cel do banco, olhou mais uma vez para a mensagem e encarou o portão. Aquelas palavras a tinham levado até lá. Elas haviam lhe aberto um brecha. Seria uma? Ele realmente queria uma reaproximação, estaria sentindo a falta dela? Ou teria sido involuntariamente um teste. Direcionou o rosto para a entrada da casa. Silêncio, nem mesmo uma meia luz, nada que sinalizasse presença. Respirou fundo e devagar foi escorregando as mãos do volante. Milhares de imagens, momentos, sentimentos rodopiaram em sua cabeça. “Meu Deus, o que estou fazendo aqui!?”. De fato, o que estava fazendo ali? Porque não ligou antes, porque não respondeu o sms antes de ir até lá? Há muito não se falavam, sequer sabia de sua vida, se tinha uma nova rotina, se estava com alguém, se estava trabalhando, se estava estudando, se tinha qualquer outra coisa pra fazer. Divagar era bobagem. Agora já estava na porta da casa dele, era entrar ou entrar. Ela não era mulher de recuar, de perder tempo, de deixar suas vontades ou desejos serem dominadas pelo medo. (Tudo bem, algumas de suas regras mais valiosas não seguiam a risca, não com ele. E ela detestava isso, na verdade ela se detestava por isso! Porque sabia que além dela, ele também sabia disso. O que ela não sabia ao menos até aquele momento, era que esta fraqueza ainda valia.)

O digital no painel marcava 18h40min. Apertou os olhos, respirou e desceu do carro. Passou pelo portão e ao chegar à porta suas pernas começaram a tremer, pensou em procurar pela chave, quem sabe ainda estivesse no vaso de pimentas. (Não, claro que não. Ou sim, mas não pra ela) Por duas vezes levantou a mão em menção de bater na porta. Mas quase... (e se estivesse com alguém, e se este alguém fosse uma garota? Assim que pensou nisto, cerrou o punho com força. Sequer estavam juntos, alias, há tanto tempo não se viam, se falavam. Seria natural, normal se estivesse se tivesse alguém. (normal o caralho) Uallll! Ela havia se irritado. Então a “ideia” de que tinha acabado, de que tinha passado, passou. Ainda existia algo dele, dentro dela) ... Não bateu, não tocou a campainha, não chamou, e talvez se quisesse, naquele momento sua voz não sairia. Oito minutos ali, de pé. Nenhum ruído, nada vinha de lá de dentro, nada que a impulsionasse ou a encorajasse a enfim, se fazer notar ali, do lado de fora. Começava agora a ser consumida pela agonia. Sua coragem, toda aquela determinação em ir de encontro a ele havia sumido. Estava travada, completamente catatônica. Agora não ia nem vinha. Talvez se um meteoro caísse do outro lado da rua, a única coisa que permaneceria de pé intacta seria ela. Precisava se posicionar, agir, mas o que diria? E se não fosse ele a recebê-la, e se não fosse ele a vir abrir aquela porta?! Precisava bater, tocar, pensou em voltar pro carro e ir embora, mas naquela altura, a curiosidade era maior do que o medo. E mesmo assombrada pelo receio, pelo medo decidiu peitar o assustador “se” e encarar seu velho (des)conhecido. Apanhou o cel e clicando em cima da mensagem dele, respirando fundo respondeu... “esta em casa?”.
Por. Bell.B