05 agosto 2020

Disparo (Roleta Russa Prt.II)


Segura, puxou o gatilho.
Ufaa... Não foi dessa vez!

Os dias iam passando sobre eles, e a rotina de se falarem era cada vez mais constante, depois da maldita série, os assuntos familiares, trabalho, dia a dia, iam se tornando cada vez mais escassos, na verdade, eles estavam perdendo espaço para assuntos sobre eles. E embora isso fosse algo comum, estava ficando instigante e provocativo demais. Ele sempre jogando no duplo sentido, inocentemente. Ela ingenuamente respondendo rapidamente cada provocação. Numa dessas tardes ele enviou a ela uma imagem, a deixou surpresa, mas agiu tão natural, que ele sequer se deu conta do rubror que provocou em sua face. O sangue ferveu e tudo que já haviam conversado tomou proporções totalmente diferentes do que já havia ocorrido antes.
- Call you?
- Yes, you can call.

Naquele momento, a conexão, os fios, os caracteres e letras se fundiram, e perderam espaço pro som. A voz, desgraça de timbre. Sussurros filhos da puta que invadem a mente e materializam tudo e o inimaginável. Ele do lado de lá, se tocando, a tocando, ela do lado de cá, o sentindo nele, dele, dentro, fundo, forte, como há muito não sentia. Tarde do caralho, ligação maldita, maldita ligação. Maldita tecnologia. Houve o silencio, a pausa inesperada e a segunda chamada. Ali foi que aconteceu o segundo  disparo. O tambor girou sozinho, ninguém teve vestígios ou pólvora nas mãos. Mas ambos apertaram o gatilho. Agora não estavam mais falando em se verem em cenas de séries, letras de musicas, trechos de livros. Ninguém se machucou, pelo contrario, a bala não saiu, mas a ferida se abriu. E daquele instante em diante, estavam conectados além das fibras de vidro, óptica ou o caralho que fosse.

E depois de tudo, ainda assim, ele foi mais atrevido, tirou da mão dela a arma e deu o terceiro disparo. Esse veio direto no peito... Porque quando ele puxou o gatilho, disse sem pensar, e muito bem mirado... "Eu quero você!" Deixando ela totalmente indefesa, sem saber o que responder e completamente perdida. E o raro silencio... submergiu junta a sua jugular pulsando sem freio. 
Por. Bell.B

28 junho 2020

O Desafio (Roleta Russa Prt.I)



A geração em que vivemos é definitivamente incrível, cheia de tecnologia, meios e fins. Trás pra perto os que estão longe, também afasta aqueles que estão um do lado do outro. Sim, me refiro a fantástica ferramenta virtual, celulares, tablets, computadores. É impressionante como algo tão mecânico, consegue destruir relacionamentos, motivar paixões, submergir sonhos. É como se tudo fosse uma grande engrenagem e nós, as correias que ligam todo o mecanismo.

Alguns casais usam isso como fetiche, trocam nuds, se masturbam por vídeo, se aproximam ainda mais, outros esquecem-se de seus cônjuges e fazem isso com as almas livres que estão soltas nesse emaranhado de teias invisíveis e eletromagnéticas, o que me remete a um filme que assisti há um tempo trás chamado LUCY. Esta tudo a um toque, um clique, uma chamada. Tudo aqui tão perto, mesmo de lá tão longe. A segundos de suprir a falta, inflar o coração, acalmar a alma, despedaçar corações, enlouquecer mentes sãs, deixar lúcido a loucura mais oculta de nossas mentes. Não sei até que ponto, acho isso bom, no caso pra mim. Mas logo entenderão o por que, da minha temporária opinião.

...

Há muito já se conheciam, por razões de destino, vida, dia a dia nunca mais se viram. Mas naquele primeiro contato, alguma coisa antes de irem, ficou. O tempo passou, tinham amigos em comum que se reunião e faziam encontros quase mensais, mas em nenhuma dessas vezes, ouve um reencontro entre eles. Talvez fosse Deus trabalhando, evitando o inevitável, colocando sua mão e mostrando o certo e o errado. Mas só talvez...

Certo dia, ele e apareceu em uma de suas redes sociais, embora não fosse fã da maioria delas, desta ela gostava. Seu querido Instagram. Ali, voltaram a se falar, a acompanhar o dia a dia um do outro, saber de suas famílias, filhos, trabalho, rotina. Stalkear, como se diz na linguagem atual. Inicialmente, tudo pareceu continuar do dia do primeiro encontro, conversas sobre o desgaste emocional, sobre os tombos da vida, sobre a desgraça da pandemia que vem mudando completamente o mundo e todo a ignorância que emerge junto a assuntos tão sérios. Mas com o passar dos dias, e eles virando meses, naturalmente que acabariam chegando em assuntos mais íntimos, o que pra ela, não era problema algum, Já pra ele...

... Ela nunca teve pudores, e os que a conhecem sabem bem disso. Fala sobre tudo de uma forma tão natural que vai da receita de bolo da vovó a sua posição preferida no kama sutra. E alguma coisa nela, despertou nele, algo que talvez já existisse, relembrado que... já se conheciam. Numa noite dessas, das quais passavam horas conversando, ele sugeriu a ela uma série. DEUS! Ela detestava essas modinhas de maratonar, parar a vida pra ver temporadas e roer as unhas a espera de outras. Mas ele o fez de maneira tão desafiadora, que ela por sua vez, levou a indicação como uma missão.

Assistiu a maldita da série (You), e o pior, gostou, gostou não, se apaixonou. Claro que a fixação veio por ele despretensiosamente compara-la com uma das personagens (Love Quinn), e dai nasceu a curiosidade dela, em saber de que diabos se tratava a história. Por fim... Missão dada a ela, é MISSÃO CUMPRIDA. O que de fato ela não sabia, era que havia todo um plano dele, por trás deste desafio. Aquilo tudo era apenas o tambor com uma bala engatilhada. E sem perceber, ela acabará de apontar em sua própria testa, o cano e dar inicio a roleta russa, mas o primeiro disparo não foi dado!
Por. Bell.B

27 junho 2020

Bell por M.L


[22:24, 27/06/2020]
Ela: - Me descreva aos seus olhos.

[22:32, 27/06/2020] 
Ele: - Vejo você como uma pessoa experiente e sábia.
Com personalidade forte e única. Pensamentos aleatórios e satisfatórios. Não demonstra fraquezas o que me faz pensar que elas abalam bastante quando presentes. Um alicerce que tbm necessita de um ponto para se segurar. Confusão acompanhada de calmaria. Simplicidade a sua maneira. Um livro a espera de uma  leitura adequada. Uma história com ápices diversos. Logicamente, possui defeitos. Qual livro n tem? Orelhas nas folhas, capas marcadas, mancha nas páginas. Mas isso tbm nos mostra que a história contida é algo que se vale a pena... Não sei se consegui colocar bem em palavras.

Nota pessoal: Acho que nem eu mesma, nunca me descrevi tão bem.
- Wpp/We