30 julho 2023

Eu Deixo

        ... Deixo que falem mal, deixo que me avaliem mal. Me permito ser mal vista! 

Eu realmente deixo que se enganem (com suas opiniões) a meu respeito e que façam piadinhas escrotas pelas minhas costas. Eu permito que pensem o que quiserem pensar, sobre mim, sobre a minha vida.

Eu deixo que me julguem, que cochichem, que realmente acreditem saber quem eu sou. Aceito que me olhem torto, que sintam que minha presença incomode, que se afastem, que se retirem e que me rejeitem. Sim... eu aceito, e esta tudo bem.

E com isso, aceito também que a minha reputação caia por terra, que meus medos apareçam e me permito encarar sozinha as minhas fraquezas, enfrentando os meus piores pesadelos. Porque assim, aceito, entendo e me reconheço sendo EU MESMA. 

Pois assim, compreendo que a OPINIÃO, A AVALIAÇÃO, OS APONTAMENTOS (de terceiros) não mudam ou transformam em NADA A MINHA VIDA OU MESMO, QUEM SOU. Pois no final, sou eu contra ou a favor de mim mesma. E tudo que pensam, acaba em morte dentro de mim. Na morte da força daqueles que me querem mau, na morte da língua afiada que destila venenos e não mais me é letal. Na morte da opinião que só servia de julgamento e fermento pra fofocas.

Agora morta, me faço hoje, esta MULHER VIVA! Livre, leve e orgulhosa das cicatrizes que carrego. Cansada, mas não desistente. Não tão jovem, mas com sede infinita de VIVER, sem os estigmas que a sociedade insiste em ditar e nos fazer acreditar que é assim que tem que ser. Não. Não é! Se permita ser falha, se permita ser fraca, se permita ir na contra mão da manada. Respire, chore, grite, cale, e se afogue no fracasso que foi tentar ser O QUE QUERIAM DE VOCÊ.

E perceba que assim que isso tudo morrer, você renascerá tão LIMPA que seja lá o que pensarem ou disserem sobre você... Será apenas o que dizem e pensam. Pois o que realmente importa é VOCÊ SABER QUEM VOCÊ É PRA VOCÊ MESMA!

Por Bell.B

02 maio 2023

Tragos

 
Porque quando esse gosto desce pela minha garganta, a lembrança da tua boca me tragando por entre as pernas, me faz querer queimar como cada trago profundo que dei entre tuas coxas, na porra da memória que restou de nós. De mim.

Por Bell.B

17 abril 2023

Smoking

Estava entre os dedos. Cocegava a pele, e sempre que ele o direcionava aos lábios, seus olhos se distanciavam. Aparentemente tinha um ponto de equilíbrio, mas à medida que seus lábios entreabriam e expeliam a fumaça se percebia, estava mergulhado num labirinto. Ora e outra, roçava o dedão no filtro, encarava a brasa. Os olhos apertavam levemente e o trago vinha com mais vontade. Eu poderia dizer que a vontade dele, era devorar, e não fumar aquele cigarro.

E embora fosse crescente o meu desejo de fazê-lo trocar a guimba pelos meus lábios, era excitante demais vê-lo naquele estagio, quase nostálgico e aparentemente distraído. Acho que ele não tem noção do quão “sexy” fica assim, fora do ar. Do quão gostoso é, vê-lo tragar todas aquelas perguntas e procurar na fumaça as respostas. Gosto de observá-lo e de ir capturando suas manias, seus vícios. Seus toques. Praguejo mentalmente ao voltar os olhos outra vez para a mão dele. Ainda está lá, entre seus dedos. Uma brasa quase morta, mas que através dos lábios dele, ainda toma vida.

Sacudo a cabeça, fico inconformada comigo mesma, pasma. Estou sentada do lado dele na cama, e a única coisa que consigo fazer é olhá-lo. Apreciá-lo degustar, se intoxicar, depender daquela porcaria pra dar um UP,  aliviar a tensão do dia. Droga! Se eu pudesse ser algo agora, desejaria ser aquela bituca. Louca, ciumenta, possessiva. O amor é uma coisa muito esquisita, você deseja ser na vida da pessoa, até o que menos imagina.

Por Bell.B

16 abril 2023

Mentiras

Eu quase acreditei em você...


Você tocou minha pele me fazendo sentir que nada neste mundo, era mais agradável ao teu tato, quanto a textura da minha epiderme. Bebeu da minha saliva, como se tivesse chegado do deserto, e degustou do meu corpo, como se qualquer prato refinado, fosse apático comparado a tua língua a violar-me entre as coxas.

Me convenceu que o tom das tuas notas preferidas, não ganham do meu timbre sussurrado, irritado, manhoso. E ainda me fez sorrir relatando que meus gemidos definitivamente o deixam louco.

Me fez escalar e jurou-me que as "maravilhas" não estavam na toca do coelho branco. E quando me presenteou com o cadeado novo, recomendou-me que assim que eu acorrentasse a porta do "guarda roupas", que me desfizesse da chave. E como recompensa, o "beijo escondido no canto direito" dos meus lábios, seriam descobertos todos os dias pela tua boca inquieta e faminta.

Desfiz-me da poção, parei com o bolo, voltei pra janela do quarto, mantive a porta do guarda roupas fechado.

Tudo que vinha de ti, era hipnotizante. Era muito confuso pra mim, decidir o que me era, de mais agrado. Você roubou minha melhor playlist e eu não dei a mínima, frisou à marca texto as minhas paginas favoritas e eu não o questionei por um momento sequer. Bebeu uísque na minha xícara favorita de café, tragou do meu cigarro, se espalhou... Na minha cama... No meu corpo... Nos meus dias... Na minha vida.

Me fez acreditar por alguns instantes que era possível. Você mentiu. Mentiu pra si, mentiu pra mim. Definitivamente, meu coração é inacessível. 

Por Bell.B

(In)Decisão

Eu não vou mais me relacionar, não tenho mais paciência pra esse tipo de emoção. Não que eu tenha bloqueado meu coração, nem tampouco me fechado pro amor. Não tem nada a ver com essas "porras" que falam por aí, sobre... 

... ferida aberta. 

... relacionamento mal resolvido. 

... amor não superado. 

... sombras do passado. 

É que eu decidi, sabe!? É, tá resolvido. É melhor uma trepada ou outra, daquelas de tirar o fôlego, estremecer os músculos, melar o lençol há algo mais profundo. É como dizem por aí... 

... quem come quieto, come duas vezes. 

... ser comprometido consigo, é fidelidade verdadeira. 

... sexo sem compromisso é a nova modalidade. 

... se não a laços afetivos, não se emaranha a racionalidade. 

Aí você apareceu casualmente. Estremeceu mais que os meus músculos, molhou mais que a minha boceta, embaralhou mais do que os fios dos meus cabelos. Você simplesmente removeu meus planos, anulou toda e qualquer outra foda que até então, eram prazerosas. Revirou além dos meus lençóis, minha roupa, meus sentimentos. Você aconteceu em/dentro de mim e eu estou simplesmente adorando isso. Dividir, partilhar, somar. Rir com você, te ouvir ofegar, gemer, gozar e mais uma e outra vez, dormir com você, sem hora pra acordar. 

Por. Bell.B

16 março 2023

Será?

Naquela tarde, inesperadamente ele lhe surgiu a mente. Sentiu uma nostalgia incomum. Embora a nostalgia fosse um dos seus sentimentos mais latentes, havia emergido de uma maneira incomum e isso a inquietou. As horas passaram, a noite também e por fim o período em que ela mais se sentia confortável, chegara.  


Entre os cigarros, as incontáveis xícaras de café, suas incansáveis “playlist’s”, buscou nos acervos antigos, algum livro, (Pensou na lista dos que já deveria ter adquirido, mas por algum motivo, não havia), nenhuma das opções lhe agradaram, embora fossem os seus favoritos... (Talvez não fosse isso, não era de uma leitura que precisava naquele momento)  
 
... Tentou então, continuar alguma das séries iniciadas, terminar um documentário que parou, por não estar muito bem emocionalmente, (E isso, era algo, que ela nunca conseguiu estabilizar em toda sua vida) mas nenhuma dessas, eram opções. Nada, nada naquele momento prendia sua atenção. Caminhou até a janela, que hoje, não mais tinha a vista que tanto amava. Esta, não lhe mostravam o horizonte, os faróis indo e vindo na madrugada da tão amada, cidade que não dorme. Não lhe permitia sentir o idolatrado vento ou os respingos da chuva, não lhe dava a vista, da amada lua. 

 

Recostada no batente da janela da cozinha, com um cigarro meia vida entre os dedos, embalada pelo som que vinda do corredor (de dentro do seu quarto), seus olhos fixos no muro revestido de reboco velho, marcas escurecidas de temporais passados e formas geométricas que o desgaste artisticamente deixou, em meio a uma tristeza saudosamente doce, sentiu muito levemente um sorriso querer repuxar seus lábios. Inconscientemente (ou conscientemente) tentou avistar a lua. Em vão, porém entendeu o porquê de estar inquieta. Lembrou-se de ter se lembrado dele, e compreendeu que havia esquecido até aquele exato momento, por “livre e espontânea” defesa. 
 
Respirou fundo, e num repente se pegou encarando a xícara e visualizando a cara dele em negativa aos seus costumeiros prazeres... (Café e cigarro) 

... Imaginou o que ele estaria fazendo naquele “agora”, o que teria acontecido em sua vida, com seus planos, em sua vida. Caminhou até a bancada, passou outro expresso na máquina, acendeu outro cigarro e caminhou de volta pro quarto. Apagou a luminária, deitou-se e perguntou em voz alta: - Será, será que você ainda pensa em mim, como eu penso em você!? 


Por Bell.B

05 agosto 2020

Disparo (Roleta Russa Prt.II)


Segura, puxou o gatilho.
Ufaa... Não foi dessa vez!

Os dias iam passando sobre eles, e a rotina de se falarem era cada vez mais constante, depois da maldita série, os assuntos familiares, trabalho, dia a dia, iam se tornando cada vez mais escassos, na verdade, eles estavam perdendo espaço para assuntos sobre eles. E embora isso fosse algo comum, estava ficando instigante e provocativo demais. Ele sempre jogando no duplo sentido, inocentemente. Ela ingenuamente respondendo rapidamente cada provocação. Numa dessas tardes ele enviou a ela uma imagem, a deixou surpresa, mas agiu tão natural, que ele sequer se deu conta do rubror que provocou em sua face. O sangue ferveu e tudo que já haviam conversado tomou proporções totalmente diferentes do que já havia ocorrido antes.
- Call you?
- Yes, you can call.

Naquele momento, a conexão, os fios, os caracteres e letras se fundiram, e perderam espaço pro som. A voz, desgraça de timbre. Sussurros filhos da puta que invadem a mente e materializam tudo e o inimaginável. Ele do lado de lá, se tocando, a tocando, ela do lado de cá, o sentindo nele, dele, dentro, fundo, forte, como há muito não sentia. Tarde do caralho, ligação maldita, maldita ligação. Maldita tecnologia. Houve o silencio, a pausa inesperada e a segunda chamada. Ali foi que aconteceu o segundo  disparo. O tambor girou sozinho, ninguém teve vestígios ou pólvora nas mãos. Mas ambos apertaram o gatilho. Agora não estavam mais falando em se verem em cenas de séries, letras de musicas, trechos de livros. Ninguém se machucou, pelo contrario, a bala não saiu, mas a ferida se abriu. E daquele instante em diante, estavam conectados além das fibras de vidro, óptica ou o caralho que fosse.

E depois de tudo, ainda assim, ele foi mais atrevido, tirou da mão dela a arma e deu o terceiro disparo. Esse veio direto no peito... Porque quando ele puxou o gatilho, disse sem pensar, e muito bem mirado... "Eu quero você!" Deixando ela totalmente indefesa, sem saber o que responder e completamente perdida. E o raro silencio... submergiu junta a sua jugular pulsando sem freio. 
Por. Bell.B

28 junho 2020

O Desafio (Roleta Russa Prt.I)



A geração em que vivemos é definitivamente incrível, cheia de tecnologia, meios e fins. Trás pra perto os que estão longe, também afasta aqueles que estão um do lado do outro. Sim, me refiro a fantástica ferramenta virtual, celulares, tablets, computadores. É impressionante como algo tão mecânico, consegue destruir relacionamentos, motivar paixões, submergir sonhos. É como se tudo fosse uma grande engrenagem e nós, as correias que ligam todo o mecanismo.

Alguns casais usam isso como fetiche, trocam nuds, se masturbam por vídeo, se aproximam ainda mais, outros esquecem-se de seus cônjuges e fazem isso com as almas livres que estão soltas nesse emaranhado de teias invisíveis e eletromagnéticas, o que me remete a um filme que assisti há um tempo trás chamado LUCY. Esta tudo a um toque, um clique, uma chamada. Tudo aqui tão perto, mesmo de lá tão longe. A segundos de suprir a falta, inflar o coração, acalmar a alma, despedaçar corações, enlouquecer mentes sãs, deixar lúcido a loucura mais oculta de nossas mentes. Não sei até que ponto, acho isso bom, no caso pra mim. Mas logo entenderão o por que, da minha temporária opinião.

...

Há muito já se conheciam, por razões de destino, vida, dia a dia nunca mais se viram. Mas naquele primeiro contato, alguma coisa antes de irem, ficou. O tempo passou, tinham amigos em comum que se reunião e faziam encontros quase mensais, mas em nenhuma dessas vezes, ouve um reencontro entre eles. Talvez fosse Deus trabalhando, evitando o inevitável, colocando sua mão e mostrando o certo e o errado. Mas só talvez...

Certo dia, ele e apareceu em uma de suas redes sociais, embora não fosse fã da maioria delas, desta ela gostava. Seu querido Instagram. Ali, voltaram a se falar, a acompanhar o dia a dia um do outro, saber de suas famílias, filhos, trabalho, rotina. Stalkear, como se diz na linguagem atual. Inicialmente, tudo pareceu continuar do dia do primeiro encontro, conversas sobre o desgaste emocional, sobre os tombos da vida, sobre a desgraça da pandemia que vem mudando completamente o mundo e todo a ignorância que emerge junto a assuntos tão sérios. Mas com o passar dos dias, e eles virando meses, naturalmente que acabariam chegando em assuntos mais íntimos, o que pra ela, não era problema algum, Já pra ele...

... Ela nunca teve pudores, e os que a conhecem sabem bem disso. Fala sobre tudo de uma forma tão natural que vai da receita de bolo da vovó a sua posição preferida no kama sutra. E alguma coisa nela, despertou nele, algo que talvez já existisse, relembrado que... já se conheciam. Numa noite dessas, das quais passavam horas conversando, ele sugeriu a ela uma série. DEUS! Ela detestava essas modinhas de maratonar, parar a vida pra ver temporadas e roer as unhas a espera de outras. Mas ele o fez de maneira tão desafiadora, que ela por sua vez, levou a indicação como uma missão.

Assistiu a maldita da série (You), e o pior, gostou, gostou não, se apaixonou. Claro que a fixação veio por ele despretensiosamente compara-la com uma das personagens (Love Quinn), e dai nasceu a curiosidade dela, em saber de que diabos se tratava a história. Por fim... Missão dada a ela, é MISSÃO CUMPRIDA. O que de fato ela não sabia, era que havia todo um plano dele, por trás deste desafio. Aquilo tudo era apenas o tambor com uma bala engatilhada. E sem perceber, ela acabará de apontar em sua própria testa, o cano e dar inicio a roleta russa, mas o primeiro disparo não foi dado!
Por. Bell.B