13 março 2012

Reencontro


O tempo me consumia, tomava de mim todas as minhas energias, me sentia cansada, fraca, destruída. É... o tempo exerce esse poder sobre mim, quando você não esta por perto. E assim, nesta forma desprezível, rastejei sobre os espaços de horas, até que o tempo consumiu a si próprio sem perceber que embora tivesse sido longa a espera, logo ele me faria forte por não ser mais o tempo da espera. Conforme eu ia rasurando os números no calendário, e com isso dissimulando o tempo e fazendo-o acreditar em minha derrota, eu no meu estado caótico, ia, contudo somando, juntando, multiplicando as minhas forças disfarçadamente. E no ultimo dia, no dia marcado pelo tempo como o fim da espera. Eis que levanto-me... suja, marcada pelos estragos da distancia e embora não estivesse aparentemente apresentável, te vi e sorri! Passei as mãos sobre o rosto, borrei lágrimas, pó e restos de rímel. Formei em minha face um abstrato de sofrimento, uma tela de sentimentos e ainda que formada pelas minhas palmas, foram tecidas por ti. Pela tua falta, pela tua ausência, pelo sentimento que plantará em mim. E você por sua vez, me fez mais uma vez, como todas as demais vezes, me sentir ÚNICA. Viu por trás do cansaço, da dor, do sofrimento o que ninguém no mundo seria capaz de ver Você, só você. Você e a sua capacidade de entender em mim, o que nem mesmo eu sou capaz de explicar. Conseguiu enxergar o sorriso empoeirado, a emoção incontida, a verdade que somente seus olhos são capazes de decifrar em mim. E num repente, sem medidas ou noções de lugares ou tempos, findamos a saudade em um beijo, fazendo de nossas carnes, refeição um do outro, transformando o estado deplorável da falta que nos encontrávamos em um ato absurdo, ofensivo e obsceno momento de selvageria. Matamos a vontade um do outro. Calamos a saudade. E no toque sem tocar, e no olhar sem ver, e no sentir... nos reencontramos. 
Por. Bell.B

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