28 março 2012

Não Se Vê



Ela se deparar com aquela que porta por dentro, e há muito, há muito tempo não parava pra se ver, pra se entender, pra se olhar... Como quem fala, com quem nunca falou, puxa assunto e questiona aquela a sua frente sobre seus medos...


Quais seriam os mistérios que se escondiam dentro do tão transparente Ser? Segredos que não poderiam serem vistos por fora, não de cara. Mas que se mostravam gritantes, flamejantes a ponto  de se fazerem ver, no dilatar de sua íris, na carne e até mesmo no pulsar de seu coração.


Contornava os lábios com os dedos leves, doidos, feridos, e se olha sem entender. Não sabe sequer o que deve responder, pois nada que diga é capaz de fazer com que pare de doer. E dói... Ahh, dói! Dói tanto, que só lhe cabem as lágrimas brotarem sem sentido ao canto dos seus olhos tão atentos e não mais tão vivos, e então respirar...


Respira fundo pra tentar entender, respira devagar, pra parar de doer, Ela apenas respirava... E o pensar invadia-te a mente, e abriam-se as memórias há sua frente e Ela neste momento engolia um suspiro mais fundo. Um que desse sua garganta como se fosse uma bola cravejada de espinhos. Faz uma pausa tão profunda, que o silêncio não mais é como o de antes. Não! Este silêncio de hoje, não grita, não suplica, este, não quer dizer nada senão só e nada mais que silêncio.


Ela olha-se uma vez mais e mais uma, e não se vê, e se procura, e toca a parte fria, gélida, suada a sua frente. Desliza a mão sobre a superfície lisa pra tentar pela ultima vez se ver, mas Ela não mais se enxerga...


"Porque?" Se pergunta mais uma vez, como tantas outras vezes já se perguntou. E o que vê é o não saber, não ter em mãos as respostas, não conseguir discernir as palavras perdidas, jogadas, absorvidas. E ela não sente mais vontade de ver, nem de querer saber mais nada. Apenas olha o que reflete um vazio gritante que ecoa em sua volta... “ACORDA!” E ao fechar os olhos com os gritos calados, estes que ninguém havia gritado, estes que ecoavam em sua mente, sem sequer terem sidos pronunciados, Ela chora.
Por. Bell.B






2 comentários:

  1. "Respira fundo pra tentar entender, respira devagar, pra parar de doer, Ela apenas respirava... E o pensar invadia-te a mente, e abriam-se as memórias há sua frente e Ela neste momento engolia um suspiro mais fundo." Passei por isso, achei que ia ficar assim pra sempre, as vezes volta, as vezes eu esqueço (ou tento)

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