06 dezembro 2011

Respira

Ela de repente se depara com aquela que porta por dentro, e há muito, há muito tempo não parava pra se ver, pra se entender, pra se olhar... Como quem fala com quem nunca falou, puxa assunto, e questiona aquela a sua frente sobre seus medos.


Quais os mistérios que ela esconde dentro do tão transparente Ser, estes que não vejo por fora, mas que se mostram, gritantes, flamejantes, latentes a ponto de fazer doer... Contorna os lábios com os dedos leves, doídos, feridos, e se olha sem entender, não sabe sequer o que deve responder, pois nada que diga é capaz de fazer com que pare de doer, e dói... Ahh, dói, dói tanto que lhe cabem as lágrimas brotarem sem sentido no canto dos seus olhos tão atentos e não mais tão vivos, e lhe cabe agora então somente respirar.


Respira fundo pra tentar entender, respira devagar pra parar de doer, só respira...


E invade-te a mente, e abrem-se as memórias há sua frente e ela cala o silêncio que hoje não mais grita... Suspira. E então ela se olha uma vez mais e mais uma, e não se vê, e se procura, e toca a parte fria, gélida, suada a sua frente, e desliza a mão sobre a superfície lisa pra tentar pela ultima vez se ver.


E ela não mais se enxerga...


Porque? “se pergunta” , mais uma vez como tantas outras vezes já se perguntou, e o que vê é... o não saber, não ter em mãos as respostas, não conseguir discernir as palavras perdidas, jogadas, absorvidas. E ela não sente mais vontade de ver, nem de querer saber mais nada, e apenas olha o que reflete um vazio gritante e ele ecoa a sua volta... “acorda” e ao fechar os olhos com os gritos calados, ela apenas... Chora.
            Por. Bell.B

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