13 dezembro 2011

A Bailarina

Ela caminhava a sua volta e ele a via flutuar em pontas de pé como se estivesse dançando sobre pontas de sapatilhas... Ele sorria, sorria dela, pra ela, com ela. Ela deslizava as pontas dos dedos sobre os olhos dele, exibindo as serrinhas dos dentes entre os lábios estrategicamente abertos. Ele contornava os lábios com a ponta da língua, fechando levemente os olhos enquanto as digitais dela repousavam sobre as pálpebras dele. Ela não falava baixo, não cochichava, nunca fazia isso ao pé do ouvido dele, porque ela sabia que quando as palavras faltavam, bastava que mirasse o olhar no dele, pra que ele espremesse da íris dela, cada frase não dita... E embora ela soubesse que ele sabia, ela aproximava os lábios nos dele, e rindo docemente, sussurrava dentro da boca dele "as verdades que sua alma sentia". Contava-lhe tudo em apenas três palavras, em um tom quase que imperceptível... E Ele entre abria os lábios, e usurpava o “Eu Te Amo” dela, como se aquilo lhe bastasse para matar a fome, pra saciar-lhe a sede, pra suprir toda e qualquer necessidade fisiológica que seu corpo pudesse cobrar. Ela exibia coisas que ninguém mais exibia, ele ficava completamente abobalhado com as coisas que ela fazia, e rindo, e tentando entender, tentando achar o que, de fato, naquilo o encantava tanto, percebia... não eram as coisas que ela dizia, era o jeito dela falar, a forma em que ela conseguia expressar o que sentia no timbre da voz, fosse raiva ou alegria, era isso que o deixava tonto, não eram os textos bem escritos e as colocações verbais bem colocadas, não eram as coisas absurdas que ela criava, nem as palavras que ela inventava e que se quer existiam, que o prendia na leitura. Era a maneira em que ela deitava a caneta pro lado direito enquanto escrevia, o barulho que faziam as unhas dela ao digitar, que passavam para Ele o que ela sentia, era isso que o fazia fixar os olhos em cada próxima linha. Não eram os gritos de ira dela por ciúmes, não eram as lágrimas delas por alguma frase mal dita, não eram os pulos que ela dava quando feliz ao vê-lo... Eram os olhos dela, eram aqueles círculos castanhos e iluminados, que faziam da visão dele, o colorir do mundo, e que refletiam no dela o porque de tudo.

Ele se perguntava: - continuo? Ela murmurava: - continuo? 

E calados, com os olhos colocados (na tela) um no outro, 
escutavam o silêncio, que sussurrava a eles num tom profundo...  
“o silêncio de vocês inquieta o resto do mundo”.

E ele se perguntava: - faço-a feliz? E ela se questionava: - faço-o feliz? 

E rompia entre eles o pulsar de seus corações descompassados 
e atrevidos que juntos respondiam... 
“a inquietude de vocês, silencia o mundo”.
Por. Bell.B

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