11 dezembro 2011

Não Vou Voar

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É que eu ando chorando baixinho pelos cômodos da casa, contornando com as pontinhas dos dedos seu sorriso fixo no retrato, suspirando saudades tão doídas, mas tão doídas que nem mesmo meu ultimo machucado sério foi capaz de me fazer sentir tanto. Hora e outra, me pego abafando gritos contra o travesseiro, apertando as mãos com tamanha força que sequer noto estar marcando nas palmas a vermelhidão causada pelas pontinhas das unhas. Acho que isso é descontrole, acho que é falta, acho que isso é saudade, ou será que isso é desespero? Eu nem sei, não sei, só sei que as coisas mudam bruscamente quando você não está, quando eu não estou, porque quando você vai, eu vou! E fica então alguém “aqui”, vagando lembranças, chorando saudades, vivendo dores, fica alguém em mim “aqui” dentro, triste, calada, frustrada, revoltada por não poder fazer nada, absolutamente nada que seja capaz de mudar esse sentimento. A vida esta passando lá fora, com ela, dias de sol, outros chuvosos e em mim nada muda, as nuvens não se dissipam, as cores não tem pigmentação, perdi o tato, perdi a vontade, perdi a noção. E nessas horas impiedosas, e nesses momentos desesperadores, coloco-me em prece, peço a Deus forças, sim, preciso ser forte, preciso suportar, preciso aguentar, pra que no fim, eu possa tocá-lo, eu possa abraçá-lo, eu possa olhar-te nos olhos e que mesmo que neles aja lágrima, que você veja no choro não a dor dos dias sem ti mas sim a emoção de revê-lo. E que por trás do castanho escuro da minha íris, você possa ver claramente que as janelas de minha alma só vivem através da luz do seu olhar, e se elas sobrevivem, se elas não se selam em tua ausência, é por saberem que está em ti a chave, o segredo, o mistério, que é tua a solução e que somente você é capaz de transformar, mudar, colorir o mundo e mostrar à mim, os encantamentos da vida, as cores por trás das cores, o perfume dentro dos perfumes, o verdadeiro significado da palavra AMAR. Eu nunca soube ao certo o porque das asas, as tinha, mas não as reconhecia, dado certo momento, acreditei que eram pra encantar, enobrecer, me prevalecer, e elas me serviram pra muitos momentos desses... Embora eu continuasse a acreditar nisso, alguém me fez deixar de crer e passar a entender o porque delas. Ele estava ali, cabisbaixo, meio pensativo, contornou com as pontinhas dos dedos a silhueta alada que eu carregava, e desse dia em diante descobri a magnitude de ter asas. Eu então passei a revoá-lo, observar do alto o que só com os pés no chão eu poderia alcançar, entendi que quando se aprende a voar, o céu não é o limite, mas se você tem com quem caminhar, ter asas passa a ser apenas uma forma de escapar do que não se pode resolver... eu fecho as minhas asas em você. Não importa o que temos que enfrentar, EU NÃO VOU VOAR.
Por. Bell.B

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