02 dezembro 2011

O Desafio


Ela*
- Quero propor um desafio! Quero ver se você consegue passar  8 dias sem falar comigo por nenhum lugar, sem contato algum... se conseguir, juro amá-lo por toda a eternidade!

Ele*
- O que sinto por você ultrapasse limites, rompe muralhas, atravessa o tempo como navalha afiada!  Combinado Vida Minha! Vamos ver quem vai ceder primeiro!

E com um beijo demorado, selou então o trato e logo depois foi pra casa. Ele não ligou, não mandou e mail, não enviou sms, não logou no msn pra não cair em tentação, pra não quebrar o pacto.  Enfim... os 8 dias se passaram, e com ele a certeza de que mesmo sem saber o porque do desafio, o amor deles era sim eterno, ele não sabia ao certo qual era o objetivo dela, mas aceitou pra mostrar o quanto seu amor era forte. O que ele não fazia idéia era de que ela estava com os dias contados e esses 8 dias jamais terminariam.

E então na manhã do nono dia, ele tentou ligar e nada, mandou sms, nada, tentou todos os outros meios, nada!

Foi até ela. Quando chegou, bateu a porta, nada!
Um frio começou a tomar conta do seu corpo, os olhos começaram a arder, tocou mais uma vez, nada! Ás lágrimas começaram a romper, forçou então a maçaneta com certa angustia, seu coração agora batia descompassado e a respiração parecia não chegar aos pulmões. Deu de ombros na porta e entrou, encontrou um enorme silêncio.

Olhou tudo a sua volta minuciosamente, às lágrimas agora rasgavam sua face e fazia tanta força pra puxar o ar que seu peito parecia comprimir seu coração. Tudo em seu lugar, tudo aonde deveria estar, mas e Ela?

De vagar, foi se aproximando da porta do quarto, estava entre aberta, sem perceber fechou os olhos antes de empurrá-la por completo, e da mesma maneira que os fechou, abriu... lentamente. No ar o perfume dela, a atmosfera embargava a sua presença e seu sorriso nos porta retratos acendiam o ambiente como um candelabro apinhado de velas. Apanhou um dos retratos, beijou demorado, já parecendo saber o que leria no papel dobrado sobre o travesseiro.

“ Oi meu Amor...” Precisou se recompor pra ler as próximas linhas, os soluços e o choro descompassado o impedia de continuar a ler.

“... sei que o que lhe pedi, parece cruel, mas saiba Amor Meu, foi ainda mais difícil pra mim, muito mais, você saiu aquela noite todo esperançoso, forte, seguro, e eu fiquei...” Ele aperto o papel, amassando sem saber se de raiva ou de desespero. (eram os dois sentimentos misturados e mais)

Desamassou o papel, passou o rosto na camisa, limpou a vista pra continuar a ler “... fiquei aqui a soluçar, a chorar sem parar, e essas poucas horas que me restam foram as mais sofridas que já senti, agora Meu Amor, arrumo forças pra traçar essas ultimas linhas e te parabenizar.”

O quarto parecia girar agora, seu estomago revirava, a cabeça doía sem parar, ela havia partido! Puxou o ar e mesmo sentindo ele não entrar, engoliu seco e sentiu atravessar seu peito como faca de dois gumes as palavras seguintes... “Você conseguiu, você sobreviveu, e agora sei que você conseguirá fazer isso sempre, por todas as noites! Saiba que fiz o que fiz por você, não poderia contar-lhe a verdade, não conseguiria me despedir de você e partir com a sensação de que você me seguiria, sei que pra onde vou, nada morre, nada finda, e lá, estarei contigo, a espera de que quando chegue sua hora, encontre-me, cumpro agora minha promessa assim como cumpriu a sua, pra sempre, além da eternidade te amarei. AMO VOCÊ”

Desolado ele partiu, levou com ele o retrato, foi com ele a saudade, seguiu com ele o desejo de que o logo não seja tarde, sabia ele no fundo que ela tinha feito a escolha certa, mas trilhou sua vida desejando que seu amor não tivesse sido tão grande, pois se fosse um pouco menos, ele teria voltado no dia seguinte e ao menos diria até breve Vida Minha!  
Por. Bell.B

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