24 janeiro 2012

Oca



Pensou em dezenas de maneiras de responder, arquitetou, ensaiou, até apanhou  o celular e digitou algumas palavras mas... (não enviou) ... sentiu o peito doendo de tal maneira, vozes começaram a atormentar sua cabeça. Desligou tudo que pudesse fazer ruídos. (quaisquer que fossem) TV, Som, Celular, Tel. A janela do quarto estava aberta, o vento sacudia as cortinas, as sombras dominavam o teto do quarto e pareciam projetar uma série de imagens, causando nela arrepios. Tentava não pensar, lutava pra se concentrar no vazio. Estava vazio. Tudo estava. Ela, inteira parecia oca. Os raios começaram a dançar no Céu, os trovões pareciam gritar com ela. Levantou, ligou o computador, clicou em uma de suas pastas (aleatoriamente) e então a música começou a tocar, e ainda com as lágrimas escorrendo em sua face ela foi capaz de sorrir. Sim... sorrio. Sorrio porque sentiu que embora a canção não fosse pra ela, não tivesse sido tecida baseando-se na vida dela. Ela era perfeita. Parecia ter sido feita pra Ela. Na verdade, pra Ela cantar pra Ele. Então regada as lágrimas, com suas mãos digitando, descontroladas, ao som de fundo, a resposta.

Atravessou a noite devagar e sorrateira á ansiedade e me sussurrou ardilosamente... (Afaste-se) Subiu-me pelo corpo, arrepios, e fez-me tremer à ponto de não suportar manter-me de pé, mas de dentro algo gritou... (Não pare) Dentro de um estagio chamado tempo, fixado á parede do meu quarto, fitei os ponteiros, que devolviam-me devorando-me a coragem, os minutos que me restavam e no silêncio que fiz, escutei... (Desista)

Mas era pra mim, tão mais prazeroso que sofrido, sentir-te gotejar em doses quase que suspensas e ter-te á violar-me a veia em curtas e espaçadas overdoses de presença, que encarei aquele que me desencorajava e retruquei... (Apetece-me senti-lo pingar lento do que não mais sentir) E confusa, agora, não mais compreendo o significado da palavra “dor”, esta que causa-me prazer e a complexidade de não mais nada entender, deixa-me aflita... Porque o veneno que me percorre o corpo, goteja de ti e chega como antídoto em meu coração nomeando-se... FORÇA. 
Por. Bell.B

3 comentários:

  1. "... Como eu quisesse falar também para disfaçar meu estado, chamei algumas palavras cá de dentro, e elas acudiram de pronto, mas de atropleo, e encheram-me a boca sem poder sair nenhuma (...) e todas as palavras recolheram-se ao coração, murmurando..."

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  2. Mas era pra mim, tão mais prazeroso que sofrido, sentir-te gotejar em doses quase que suspensas e ter-te á violar-me a veia em curtas e espaçadas overdoses de presença, que encarei aquele que me desencorajava e retruquei... (Apetece-me senti-lo pingar lento do que não mais sentir)

    Lindo. Adoro O teatro Mágico.

    Beijos

    Eu seu Lar

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    Respostas
    1. Boa tarde Kikinha! Eu também amoooo Teatro Mágico. Uma deles que eu sou apaixonada é "Sobra Tanta Falta". Beijos e mais uma vez, agradeço sua presença.

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