29 setembro 2012

Marionete



Entre rabiscos certos, brotados de sentimentos incertos, escrevi...
(Tempo, afaste estas duvidas de mim)

E entre as preces que fazia, histericamente em silêncio, pedi...
(Deus, não permitas que seja assim)

 Enquanto eu refletia sobre a minha vida, sobre como cheguei aonde estou hoje, as lágrimas romperam sem que eu as pudesse evitar. Nesta hora pensava nas coisas que tinha deixado pra trás, nos sonhos que deixei de sonhar, nas vontades que não tive forças para continuar a ter, nas pessoas que precisei deixar partir... Acabei me questionando sobre quem sou,  quem quero ser. Será que posso moldar-me, transformar-me, agir de uma maneira que não de costume, e assim agradar aqueles que se incomodam com meu jeito de ser? Sinto-me apavorada, por que sei que posso sim mudar, agir diferente, mas se assim for, se assim o fizer... Irei apenas conduzir os atos, editar as cenas, filtrar as palavras, serei marionete das restrições, perderei o fio das emoções e passarei a ser superficial, meu "eu" ficará incompleto, vago, vazio... Não, eu não posso! Aprendi desde muito cedo, que por mais que sejam duras as palavras, elas devem ser ditas sem “entre linhas”, que se for amor, que seja explicito sem cobranças e restrições, sem receios. E que se for um sentimento verdadeiro, ele superará, resistirá perdurará. Se for, que transborde em face, lágrimas, sorrisos, emoções, que aja conflito, que exista discussão, mas que seja simples, direto, puro! E ainda que a minha forma de agir e pensar, que essa minha maneira de viver e ver a vida seja complexa demais para ser entendida (in)compreendida, e me faça juntar na carne, uma, duas, muitas feridas... Que assim seja, contanto que seja real. Pois só assim, lá na frente, eu poderei sentar-me na varanda num final de uma tarde ensolarada e dizer pra mim mesma, que não houve em minha vida outrora, em que eu não tivesse vivido intensamente cada momento dos meus dias. Então vou continuar a viver meus momentos, colecionar minhas memórias, guardar cada emoção em meu peito. Vou continuar a escrever sobre o que sinto, sem medo, vou deixar que meus rabiscos transbordem em letras, meus sentimentos. Eu vou continuar a riscar linhas tolas e tortas e registrar filosofias pessoais baratas sobre o meu dia a dia aqui, ali, acolá. Porque é só assim que consigo deixar claro, acesa, latente a chama da minha vida.

E se vou sentir remorso do que fiz/faço?
De como vivi/vivo? Das coisas que falei/falo?
Não, eu não vou! Porque mil vezes uma única vez... 
... Do que uma eternidade sem saber como poderia ter sido.
 Por. Bell.B

2 comentários:

  1. Não queremos lembrar o que esquecemos, nós só queremos viver, não queremos aprender o que sabemos, não queremos nem saber... sem motivos, nem objetivos, estamos vivos e é só, só obedecemos a lei da Infinita Highway ♫


    Tomando por base que a "infinita highway" é a vida... nós só queremos ser o que "semos" e pronto, não gostou? Azar o teu!

    ótima postagem

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  2. Muito bom texto, poético e questionador assim como provocativo. Tu tens talento para a escrita com toda certeza garota. Beijos poéticos e voltarei para ler-te.

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