18 agosto 2012

Agosto (Colcha de Retalhos)

Era Agosto (como hoje), os dias já não eram tão frios, mas de noite, o vento ainda entrava atrevido, fazendo-me tremer os lábios. Não me lembro com exatidão o dia, mas neste mês, somam-se 7 anos, desde a primeira noite em que Ele entrou em minha vida. E chegou com(o) o vento. Provocando novas sensações, misturando todos os meus sentimentos.

No começo, tudo era brincadeira. Falavam de suas vidas um para o outro, conversavam por horas. Riam das bobagens do dia a dia, apoiavam-se um no outro, quando a "maré subia". Seguravam-se um no outro, quando sentiam os pés sair do chão. Os dias se passaram e viraram meses, os meses passaram e se tornaram anos. Naturalmente a intimidade foi aumentando. Passaram a ser "confidentes, parceiros, cúmplices, dependentes um do outro". Existia entre eles, uma necessidade absurda de se ler/ouvir/ver. Careciam do compartilhar, do somar, do dividir. E era incrível a capacidade que tinham/tem de detectar as emoções um do outro na falta de um caracteres, na escolha de uma simples canção, na intonação da voz ao atender uma ligação. Tudo aponta(va), diz(ia), mostra(va) o que entre eles acontecia, sem na maioria das vezes "precisarem dizer...nada".

Ela muita segura de si e do que sentia, de tudo que era e tinha na vida, decidiu que era hora da brincadeira mudar. Ele por sua vez, já conhecia e sabia, aonde ela o queria levar. Ele explicou a ela sobre os contras daquela "terramas isso não a fez de ideia mudar. Dois anos ali se passaram, pra saberem, que não daria mais pra continuar. Ela tinha descoberto novos sabores, tinha ampliado seus horizontes, viu em si mesma, uma capacidade absurda de "controlar". Sentiu-se tão maior do que era, tão mais poderosa do que já sabia ser. Que não notou que sua grandeza, era tão maior, quanto sua capacidade de "se ver" (não via, não olhava para si... estava insuportável). Já Ele... Ele não queria provar nada, não queria ser nada, não tinha sequer a pretensão de mudar. Gostava de ser quem era, sabia quem era. O que ele não sabia, é que ao concordar em ir com ela pra lá, a veria confundir as emoções, se perder em ilusões, se afastar dele sem pensar em suas razões.

Por muitas vezes ela lhe deu as costas, por várias vezes ela o ignorou. Muitos foram os momentos em que ela o magoou, o feriu. Ele não desistiu, perseverou. Mas Ela era arrogante, egoísta e prepotente demais. Achava sempre, que os seus "porque's" eram fundamentais, e embora jurasse não querer lhe fazer mal, sem querer, sabia que a cada nova escolha pessoal que fazia pra si, o fazia sofrer. Contudo, o amava, fora ele quem lhe mostrara, que muito em sua vida faltava. Só que era orgulhosa demais para admitir, que precisava tanto dele pra ser feliz. Tinha que ser feliz por si só, tinha que ser maior porque sentia a obrigação de ser. De ser feliz por conta própria, de ser querida, desejada, cobiçada. De ter todos aos seus pés, de poder escolher. E ela era desejada, e ela era cobiçada, e todos a queriam/querem. E ela fez a sua escolha, e ele cansado de lutar, de seguir, parou... E quando ele cansou, ela assumiu a sua escolha. E sem saber, fez a escolha errada. Muito tempo passou, ele seguiu sua vida, ela a dela. Cada um do seu jeito. Mas sempre que paravam, sempre que a solidão batia, sempre que tocava uma canção, que um casal trocava olhares na televisão, ou quando uma onda arrebentava na orla... era nele que ela pensava, era ela que ele via. Continuaram por muito tempo sem se falarem, sem se olharem, sem saberem um do outro. Ao menos "diretamente"... Quando ela se decidiu, ele desta vez não relutou e seguiu. Mas a decisão dela não fora tão segura, quanto a propriedade que passou a ele. No fundo ele sabia, ele a conhecia. Talvez estivesse cansado, exausto, de tentar mostrar a ela a realidade, então também se mostrou convincente.

Ela encontrou novas paixões, ele tentou um novo amor. Mas sempre que estava com alguém, era ele quem ela queria. Sempre que fixava seus pensamentos, era pelo coração dele, que o dela batia. Muitas vezes se questionou, muitas noites se castigou. Por muito tempo sentiu, doeu, chorou. Olhava ele de longe, se convencia de que só "observar" era o bastante, e sempre que pensava em procurá-lo, desistia. Queria novas paixões, desejava velhos amores, mas não importava o que queria, não contava o que decidira. Fez questão de afastá-lo de sua vida.  Era inteligente, era forte, era decidida. O que ela não era e nem sabia, é que não importava quem ela achava ser, ou o que ela queria. Sem ele, ela não era ninguém! Por mais que ela cantasse amores, que recitasse alegrias, que contasse contos de verão... a única coisa que ela realmente fazia, era preencher os espaços, os buracos que ele deixou, quando ela o tirou de sua vida!

NOTA: 
A pouco mais de 7 anos faço vídeos. Faço isso, porque desta forma descobri, que sou capaz de não só falar, como exibir exatamente o que estou sentindo. Eu não edito ou traduzo simplesmente. Eu moldo, corto, arremato. Eu caso o que quero dizer e não encontro palavras com o que sinto e não sou capaz de pelos meus olhos fazer ver. Nunca fiz um vídeo, sem que nele houvesse parte de mim, do que sinto, do que sou. Hoje teci meus sentimentos em vídeo, da mesma maneira que vejo minha avó, unindo retalhos para fazer suas colchas. E assim como ela, ao ver meu trabalho concluído, carregado de caprichos e vontades, sorri satisfeita. Demorei pra achar as imagens certas, semanas... escutei muitas músicas das tantas que lhe dei, das que não mandei, até chegar a esta canção. Porque ela? Bem... isso você terá que descobrir por si só, a minha colcha de retalhos esta feita!
 Por.Bell.B

Um comentário:

  1. 7 Anos se vão deixando as lições que a vida nos deu nesses retalhos. não há nem muito oque fala.. discordar de tudo que vc falou e impossível... A musica mostra bem esses anos...

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