31 agosto 2013

∞ Years



 Penúltima hora...
Sempre que lia sobre valores ou sobre só se dar conta da importância de algo depois de perdê-lo, sorria. Sorria movida a minha arrogância, a minha prepotência que insistia em lustrar o meu egocentrismo. Talvez por estar certa do que provocava, do que fazia sentir. Do que era estar de pé, em carne e osso diante de ti. Deus como fui tola, como demorei a me dar conta. Cá estou eu, deixando os dias me atravessarem, sentindo as horas me mutilarem, a mercê dos últimos segundos que restam de esperança. A esperança de ser resgatada, nos últimos milésimos antes que o agora seja de fato ontem. Há 22 dias atrás te escrevi, mas não tive coragem de enviar. Estava com raiva, fiz cobranças, vomitei minha amargura, minha saudade, minha ira nas palavras. Nem sei porque fiz isso, ou sei. Não sei mais o que ou como dizer, não encontro mais as formas certas de ir, de procurar, de chegar perto de você. E antes que eu me atire de vez no mais profundo poço de amarguras e arrependimentos, vou tentar mais uma vez, só mais uma vez me aproximar de você. Mas confesso, estou com medo, Não! Estou desesperada... Logo eu, quem diria a mulher-maravilha. A força em pessoa, aqui... Ressabiada, duvidosa, atirada, jogada, a espera de quem tanto esperou e nunca recebeu nada.

Última hora...
Tenho buscado por lembranças das quais quando momentos não me causaram tamanho efeito como o impacto que tomaram agora. Todas as letras e canções, todas sem exceção, ecoam, parecem acertar minha cara como num tapa de raiva a fim de me fazer enxergar, te enxergar. Como foi que não vi? Porque diabos não te enxerguei como te vejo neste agora? As fotos acumuladas nas caixas, os versos presos nas folhas, uma mensagem salva na caixa de voz (puta que pariu, que nó me deu na garganta)... Com a sua voz dizendo o quanto me ama. O quanto me amou naquele tempo, bons tempos. Pergunto-me agora, o que é que meus ouvidos escutavam naquele época, que não captaram seu tom, em que peito batia meu coração, que não no meu? Como é que aquele som rouco e tremulo das suas cordas vocais não timbraram em minha alma a tua, ao me confessar amor? Tão ingênua, tão imatura, tão ridiculamente infantil que fui, e medrosa também. Era medo, era mais medo que amor. Agora tudo que sinto rompeu o silencio, atravessou o meu peito, rasga tudo aqui dentro. Te escrevi/te escrevo... Canto confesso, quase que imploro tropeçando de desespero nas palavras, nas linhas, pra que me sinta, que volte que me note. Pois a remota suspeita de ter virado lembrança me faz desmoronar. Me faz falecer, não me permite continuar. E caso não venha, não responda, não se importe, não o culpo, não o julgo, não o condenarei. Fui eu quem querendo ou não cooperei com esta situação.

Penúltimos minutos...
Eu vou enviar, vou contar a você o que sinto. Não porque preciso me aliviar desta sensação sufocante, mas porque depois de tudo que te fiz passar, é digno de minha parte confessar-te o que estou passando/sentindo por você. Talvez seja o mínimo a fazer agora. Não tenho muito tempo, o tique taque do relógio me consome a cada segundo passado, seguro a agonia como quem dedilha uma navalha afiada prestes a cometer suicídio. Prestes a cessar a dor. As horas passaram me arrastaram nada de você. Eu preparei o jantar na esperança de que aparecesse, coloquei a nossa música pra me confortar até que entrasse por aquela porta e sem me dizer uma palavra, confessasse com o olhar que estava de volta. As velas foram consumidas pela chama, a comida encontra-se mais fria que a sobremesa, a música repete incansavelmente ao fundo e... Você não apareceu, sequer deu sinal de vida.

Último segundos...
Eu te amei te amei mais do que fui capaz de mostrar ou dizer quando veio me ver. Eu te amei tanto, mas tanto, que não tive coragem de encarar esse amor de frente. Não fui capaz de enfrentar o mundo, como fez por mim. Não fui capaz de ir até você, como por 3 vezes veio a mim. Sou fraca... Não tenho mais forças, seu amor me sustentava por nós dois e talvez por isso não tenha dado em nada. Não tenho mais nada, nada além das canções, dos livros, dos filmes. Não sobrou nada! Nada além do seu desenho cravado em minha carne, nada além da nossa canção riscada pesando em meu ombro. Nada além do som da sua voz e dos acordes desafinados do seu violão ecoando as primeiras canções que me deu em tantas belas madrugadas. Não sobrou mais nada além da lembrança dos teus olhos quase negros certos do que queriam, mirados aos meus apavorados sem saber como esconder o que de fato eu não queria deixar transparecer. Não tenho mais nada, fora as datas, esta data. Nossa data. É tão estranho comemorar 8 anos sozinha com você... Acabou, acabou o nós. Mas eu continuo com você. Aqui, em mim. Pra sempre. Não consigo te esquecer, não posso. Não dá! Não vou... Nunca fui! Não sem você. E me dói tanto saber, só saber agora, que depois de ter perdido tudo, de não ter mais nada, ainda assim, mesmo sem te ter, o melhor de mim era/é, foi/será/está com/em você!
Por. Bell.B

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