Haviam se passado algumas semanas, desde seu último
impulso violento e suas emoções descontroladas. Ainda era inverno, mas devido ao El Niño o a
noite estava muito parecida com a que ela adorava e automaticamente, aquele
clima a deixava mais leve, mais empolgada, mas motivada... Tinha terminado
quase todos seus afazeres, ainda era cedo pra voltar pra casa. Pensou em ir ao Bar, mas segundos depois desta ideia
passar por sua mente, sorriu levando a mão contra a testa. Lembrou-se dos efeitos colaterais que surtiram em sua cabeça já não muito ordenada
e rapidamente desistiu. Na verdade, a ideia do Bar só veio camuflar a vontade de ir até ele. Já que ficava no meio
do caminho. E estando na metade, rapidamente poderia usar a desculpa de ter
sido levada até ele, por obra do destino. O que claro... Não o convenceria. Ele a conhecia de dentro da fora, de trás pra frente, e certamente
saberia o porquê dela estar ali, antes que desse qualquer outra justificativa. Mas a ideia de ir até a metade do caminho e ou
até ele, a inquietou pelo resto da tarde. Não tinha mais nada pra fazer e tinha
tanto pra descobrir sobre o que viu, que ao chegar em casa, tomou um banho bem
demorado e assim que se trocou decidiu. Iria até ele, afinal, estava controlada
emocionalmente, tinha condições de ter com ele, uma conversa saudável, sem aqueles
ataques frenéticos e infantis aonde ela falava compulsivamente sem parar aos
berros, quase que sendo asfixiada por falta de pausas entre uma palavra e outra
para respirar. Foi até seu closet,
escolheu algo casual e certa de que aquele encontro seria decisivo para a relação
futura dos dois saio... (Saio focada,
contando várias vezes até dez tentando não se lembrar do que tinha visto e
sentindo lá, não queria que suas suposições a fizesse perder novamente o
controle. Queria mesmo resolver tudo.) Precisava resolver. Durante todo o percurso, fez
questão de puxar na memória todos os momentos maravilhosos que viveram (na verdade, isso não era difícil, embora
tivessem tido algumas brigas calorosas, quase tudo que vivera com ele, era
muito parecido ao dito “mar de rosas”), não queria chegar lá armada de
mágoas, como uma ex chata ou vingativa, até porque, não se sentia como uma (EX), eles sequer haviam chego a um veredicto. Enfim, pode avistar a placa da cidade, esta saudava os visitantes, e assim que passou por ela, seu coração
começou a bater mais apressado. Parou o carro no acostamento e entre enviar um sms e ligar, digitou o corpo da mensagem
(a placa diz bem vinda, será que serei
mesmo bem vinda?) e apertou enviar.
Esperou alguns minutos, mas a resposta não veio. Então continuou o caminho. A ausência
da resposta dele, a deixou ainda mais inquieta, fora por água a baixo todo o
trabalho psicológico que havia posto em pratica até aquele momento. A
respiração estava cada vez mais ofegante e segurava o volante com tamanha
força, que por pouco não conseguiu arrancá-lo da caixa de direção. Já estava a
algumas quadras da rua dele, e avistou um bar. Decidiu então dar uma parada,
precisava beber alguma coisa e se recompor antes de reencontrá-lo. Queria
parecer calma, indiferente, racional. Assim que entrou, fez sinal e logo uma
garçonete veio atendê-la. Pediu uma Coca-Cola, não queria estar sobre efeito de
álcool, queria se lembrar de tudo com clareza, e depois da sua ultima experiência,
sabia que definitivamente, bebida alcoólica não a permitia raciocinar. Enquanto
tomava o refrigerante, fez uma breve avaliação do lugar. Escuro, enigmático, com
uma decoração nada atual, e embora não tivesse muitas pessoas, o curioso é que,
contudo era acolhedor. A conclusão final dela, é que aquele era um lugar bem “Retro”, nada a ver com o estilo dela,
mas tinha muito a ver com a personalidade dele. Essa comparação à fez sorrir de
leve, mas antes que seu sorriso se estendesse pela face, visualizou um cartaz
no fundo do palco. Apertou os olhos como quem avalia drasticamente e voltando-se para o balconista, logo perguntou de quem se tratava. Descobriu que era uma cantora e
que há algumas semanas estava se apresentando ali. Aquilo pareceu cortá-la ao meio.
Intuitivamente, associo aquele perfil do Banner
à silhueta que havia visto na casa dele noites atrás. E embora não tivesse ouvido com clareza a voz
dela, comparando com a voz (doce, calma,
pausada) de uma cantora, só podia de fato ser ela. Seu sexto sentido lhe dava essa certeza. Pagou e saiu.

Por Bell.B
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