26 setembro 2013

Freedom

O tempo passou tão rápido que já haviam somado semanas, talvez um mês completo. Não tinha a certeza exata, até por que... Desde o último (des)encontro não fez mais, muita questão de contar. (embora tivesse certa obsessão por números, esse tipo de soma a deixava desconfortável). Decidiu por sua vez, fazer exatamente o que ele queria. (embora essa não fosse a sua vontade, mas dentro de tudo que estava acontecendo, foi o que fez). Não fez mais nada! Continuo seguindo sua vida sem pensar no futuro. Trabalhava, cuidava da casa, cumpria sua agenda, estava até saindo mais. Estava enfim, cumprindo à risca, a promessa que havia si feito. Não fazia mais planos, não ensaiava discursos, não chorava mais (não quando se tratava dele)... Desde que o porteiro entregou-lhe aquela chave, decretou definitivamente sua alforria. É claro que os primeiros dias foram estranhos, até porque, baseando-se na última carta que havia mandado a expectativa do retorno, não era nada parecida com a que se sucedeu. Porém, aprenderá que na vida, é preciso aceitar os fatos como são e não como gostaríamos que fosse.

Vez ou outra ia até a penteadeira e manuseava as últimas cartas (sem as ler), nas outras, sentava-se no sofá, encarando a sua própria face, que desta vez a encarava com um olhar de aprovação. Chegava a sorrir de si mesma como quem não acredita ter sido capaz de se refazer depois daquilo tudo. Estava orgulhosa de si mesma, estava satisfeita. Tinha até conseguido, tirar a foto dele de trás da dela, embora ficasse escondida a mantinha ali, porque era uma maneira de senti-lo presente. Mas quando ele mandou-lhe entregar a chave, entendeu que ele não só a estava deixando livre, como também, pedindo que ela o liberta-se. De alguma forma, mantê-lo preso atrás dela naquele porta-retratos, era como mantê-lo preso a ela. E tirá-lo de lá, foi à maneira que ela encontrou, de retribuir o favor. E com o decorrer dos dias, a certeza de que ambos estavam livres, era cada vez maior. Ela não tinha sequer noticias dele, do que fazia, de com quem saia de onde ia. E isso não a deixava mal, não a desanimava, não a feria mais como antes. Voltará a ler, na verdade, passou a devorar os livros outra vez. Antigamente, fazia isso pra se ocupar quando brigavam ou não estavam bem, pra se distrair da ideia de pensar e entre uma pausa e outra entre os capítulos, escrever, descrever, relatar tudo que sentia por ele. Agora não, conseguia focar sua leitura, naquilo que estava lendo, conseguia imaginar os personagens da história, sem se projetar ou projetá-lo neles. Retomar o controle da sua mente, sua atenção, seu poder de criar era algo que ela sequer poderia imaginar ter de volta. E as canções... Ahh quem seria ela, sem elas? Conseguia escutá-las agora, sem sentir doer o peito, sem apertar o coração, sem a fazê-la chorar. Muitas nem tinham sido trocadas entre eles, mas era engraçado como noutro tempo, tudo parecia ser tão dele(s), mesmo as músicas novas, pareciam narrar a história. Ora dele pra ela, ora dela pra ele, e agora... Agora elas tinham notas, harmonia, sentido. Agora ela conseguia sentir na essência da canção, a alma do compositor. Voltará a sentir inveja das “musas” que inspiram uma das suas maiores paixões. Hoje ela consegue escutar/cantar sozinha enquanto arruma a casa ou quando faz qualquer outra atividade, até as canções que eram deles ela consegue escuta/cantar sem chorar sem sentir doer, sem latejar. Ao contrario disto, ela até sorri. Agora ela consegue entender a letra, é como dizem por ai... “Quem esta de fora, consegue ver coisas, que quem de dentro, não enxerga.”

Ela também tem ido à praia, e não se senta mais de frente pro mar lamentando não estar com ele ou imaginando como seria como teria sido, não pensa mais nas promessas ou tratos feitos lá ou em qualquer outro lugar... Esses verbos, não a aprisionam mais. Agora ela senta-se na areia, mentalizando que o Sol se abra com força, para que ela possa mergulhar, para que ela possa lavar seu espírito e sair daquela imersão renovada. E quando vai para o sitio jugo “Lost”, não leva mais aqueles aparelhos (cel, not, tablet) que parecem monitorá-la, que a faziam se sentir aprisionada. Ela também não rabisca mais quando esta lá. Apenas sente o vento tocar seu rosto, escuta o barulho das folhas sacudindo nas árvores, e retruca com os pássaros que voam em bando... “Nós não temos asas, mas somos tão livres agora, quanto vocês!”. E quando se depara com o céu, esteja ele, rosa, azul, cinza, laranja... Não importa. Quando olha pra cima e vê aquelas bolas brancas enormes, disformes sorri. Sorri por lembrar das tantas vezes que elas protagonizaram sensações diversas, pelas tantas vezes que elas trabalharam, ligando as linhas tênues (in)diretas, por terem sido uma das maiores protagonistas entre eles. Sorri de leve, de lado, sem mágoas, sem rancores, sem dores, e ao final do (dia) encontro com aquele céu azul anil e aquelas nuvens enormes, agradece. Agrade por ter tido um dia, alguém que a fizesse notar beleza em tão pequeninas coisas. Agradece por ter tido alguém que a fizesse enfim compreender, que o amor não aprisiona. Não sufoca não cobra. Ela esta pronta, mas agora não tem tanta pressa, porque aprendeu com o tempo que antes de ser amada por alguém,é preciso se amar primeiro, e se amando de verdade, é que se é descoberta, pelo amor verdadeiro.
Por. Bell.B

Um comentário:

  1. Que coisa boa te ler novamente e saber que esta bem apesar dos pesares... que o tumtum esta tranquilo. =)

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