23 março 2013

Dream Realized (Meio) Part II

Solicitou serviço de quarto tanto para o café da manhã, quanto para o almoço. Passou a maior parte do dia na cama. Estava exausta, precisava recarregar as energias para a última noite. O gostinho da saudade já parecia apontar em seus lábios, a vontade de quero mais já deixava rastras molhados em seus olhos. Mas ainda não era o fim, não ainda.

O relógio marcava 16:45, desta vez não torceu o nariz para o tal número "impar", até desejou por alguns segundos que o tempo parasse ali, naquela exata hora. Queria ficar ali/lá pra sempre. Mas como diz/canta o grande Renato Russo... "o pra sempre, sempre acaba ♪". Tratou logo de se levantar, foi até a sacada da cabine devanear. O mar estava calmo, o céu lindo de doer. As nuvens pareciam dançar pra ela. E foi nesta hora que seu coração bateu apertadinho. Bateu a nostalgia, bateu a realidade, bateu a saudade. Tornou tudo que a 2 dias ela havia deixado no porto de Santos. E uma lágrima atrevida ousou cortar o seu rosto. Com certa dificuldade puxou o ar. Mas ele arrogante não quis entrar. Deu dois passos para trás e sentou-se na cama. Apertou os olhos por alguns segundos mas foi em vão. Era como se ela quisesse deter uma comporta prestes a explodir com a palma da mão. Rompeu... Sabia que tudo aquilo que estava vivendo não seria pra sempre, que teria que voltar para o mundo real em breve. Tomou ciência de que o que tinha ali, era uma oportunidade enorme de ser feliz, de se permitir, mas que nada que fizesse, quisesse, acontecesse ali, iria mudar o ciclo, o rumo, o destino, a sua vida. Restará aproveitar a última noite, os momentos que viriam.. Restava agarrar a felicidade pelo laço, trazê-la pra dentro de si. Restava apanhar memórias para que mais adiante pudesse tecer magia as suas novas histórias. E foi isso que fez...

Passeou pelo navio o restinho da tarde, gravou cada imagem na mente. Os pássaros, as montanhas, as ondas, o céu. Na hora do jantar se juntou a uma turminha de amigos que fez nos dias anteriores. Riram, brincaram, falaram sobre suas vidas e marcaram de se encontrar em um ponto para a última festa. 23:00 hrs, era a hora combinada. Olhou na mala ainda confusa com o que escolher. Na festa anterior todas as meninas usavam vestidinhos, saltos, estavam completamente maquiadas. Mas ela não, e hoje não seria diferente. A ocasião não pedia glamour, nem luxo. E embora ela entre todas parecesse um peixe fora d'água, estava mais dentro daquele mar todo, do que todas as outras. Clássica e básica, pronta!

Assim que pisou na pista o viu, passou por ele como se nunca o tivesse visto antes e embora já tivesse reparado que ele estava a 2 dias à observando, ao passar por ele sorrio, mas não pra ele (não diretamente), foi de encontro a turminha que já estava a toda no lugar marcado. Ora e outra olhava pra ele, e via que ele de longe a olhava. Desta vez ele não parecia estar nem um pouco preocupado em ser ou não notado. A encarava fixo e descaradamente. Ela dançava e tomava água, ele andava de uma lado pro outro enquanto fumava. Ele também não estava sozinho, e de vez em quando falava algo com o amigo, que olhava pra ela. Notou que falavam dela, e isso a deixava ainda mais vaidosa. A horas passaram tão rápido que quando se deram conta, o dia já estava raiando. Alguns amigos se despediram, outros se perderam no meio da multidão com novos amigos, e ela continuava na pista. Dançando, exorcizando seus Demônios. A música eletrônica tocava sem parar, mas pra ela, no mundinho dela, dentro dela, a canção que parecia tocar era Natasha... "o mundo vai acabar, e ela só quer dançar, dançar, dançar ♪". Mais uma vez o DJ anunciava a ultima canção, desta vez era o fim, literalmente o fim de tudo. Do seu sonho, do conto de fadas, da viagem mais incrível que já fizerá em toda sua vida. A buzina soava repetidamente, avisando que o navio atracaria em breve. Seu coração acelerava a cada soar. O nó na garganta parecia a sufocar... mas estava tão determinada a aproveitar até o ultimo segundo que não parou um minuto sequer de dançar. Ninguém parou... todos estavam frenéticos, alucinados, descontrolados. A felicidade parecia uma nova droga, ninguém tinha controle de si, de nada. Debruçou no corrimão para fumar seu ultimo cigarro antes de ir para a cabine arrumar as malas. O vento revirava seu cabelo, levantava sua blusa, ouriçava sua pele. Milhões de sensações estremeciam suas terminações nervosas, sentia frio na barriga, sentia euforia, estava com as emoções totalmente descontroladas. Até que uma voz a fez retomar o controle. "Quer fumar...?".
Não se virou de imediato, mas tinha quase certeza de quem era. Antes de se virar deu mais um trago e apagou o cigarro, lentamente voltou o rosto para o dono da voz que a salvará do desespero de voltar para casa. "Não obrigada, acabei de fumar..." disse ela entreabrindo um sorriso doce.
Por. Bell.B

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