16 dezembro 2012

Nada

Os últimos dias não foram fáceis, passará a maior parte do tempo brigando consigo mesma, tentando controlar suas compulsões, lutando contra seus Demônios. Estava tão desordenada por dentro que decidiu tomar medidas radicais. Apanhou algumas peças de roupas, alguns objetos pessoais e partiu... (precisava pensar, tentar se reordenar por dentro) queria tempo, não sabia exatamente porque e nem do quê. Apenas queria respirar sem ter que entre uma pausa longa e outra, responder a qualquer pergunta idiota de alguém, que a fizesse ter que por os pés no chão.

Enquanto apoiava a cabeça contra a janela, as luzes dos faróis se misturavam com as luzes dos enfeites de Natal e vinham como flechas em chamas em sua direção. Estava tão transtornada, que a única coisa que enxergava, eram borrões coloridos. Já tinham se passado mais ou menos uns 25 minutos, mas a sensação que tinha, era de estar sentada ali por 2 dias. O ano passará com um raio, mas esses últimos dias, pareciam estar em "slow much". A vida pessoal não estava ruim, pelo contrario, conseguira resolver várias questões, estava cheia de projetos para o Ano Novo, a agenda já estava com várias marcações. Planos... Projetos... Sonhos! Tudo praticamente rascunhado. Então porque Diabos, estava se sentindo assim? Como se não tivesse conseguido concluir nada? Como se não fosse NADA! Após 56 minutos chegou ao seu destino. Embora não tivesse feito qualquer esforço na viagem, desceu do carro como se tivesse ido andando até lá. Estava cansada, as costas pareciam pesar toneladas. Ao abrir a porta, não acendeu às luzes. Deixou as malas no cantinho da sala, e se atirou no sofá. Não haviam luzes de Natal, nem enfeites, sequer foi montado uma árvore. Mas isso era o que menos lhe importava, o ambiente estava ornando perfeitamente com seu interior. Na verdade, escolherá ir para lá, exatamente pra isso. (Ficar só... só com seus sentimentos)

Estava deita no sofá, a cabeça apoiada no braço, e suas mãos repousadas em seu peito. O silencio só não era maior, por conta da força de seu coração. Ora e outra acelerava descompassadamente, e sequer era preciso estetoscópio para ouvi-lo. Era quase possível segurá-lo entre os dedos.O ar de repente parecia não mais entrar, o estomago pareceu revirar, sentiu o teto rodas. Apertou os olhos com força, e ao fazer isso... viu as luzes coloridas dançarem. Sacudiu a cabeça, sentou-se depressa, e levando as mãos contra o rostou, sentiu-se sufocar. (crise de pânico? depressão? stress?) Que porra era aquilo? E antes mesmo de ter forças para se perguntar ou praguejar, sentiu as palmas das mãos molharem. (Definitivamente o silêncio foi rompido) Quando se deu conta, estava em prantos. Quase se afogando no próprio choro. Aquele nada que à estava assombrando, acabará de ganhar forças. Estava tomando conta de tudo. Do silêncio, do escuro, do seu mundo. Queria gritar, queria correr, queria ter coragem de rasgar seu peito, tirar aquele vazio absurdo de dentro. Queria preencher aquele nada com qualquer outro sentimento. Mas por onde começar? O que fazer? Sequer sabia o que estava sentindo de fato, nem mesmo sabia o porque estava daquele jeito. Haveria um jeito de fazer passar? De fazer aquela dor parar? Tinha escolhido ir para lá, para não ter que pensar, responder, socializar. Mas de repente, tudo pareceu começar a aflorar. Tudo pareceu tomar formas, e até o silêncio parecia gritar. Precisava encontrar uma forma de se ajudar, de sair daquele sinuca bico. Bateu a mão no plugue, acendeu as luzes, olhou em volta. Papel, precisava de papel, precisava escrever. isso sempre a ajudava, dava-lhe a sensação de alivio. Mas o que dizer? Pra quem? Sobre o que? (Isso nunca acontecerá) Normalmente, esse tipo de estado emocional é que lhe rende os melhores textos, as rimas mais bonitas, porque Diabos desta vez não conseguia?

Era o NADA, ele a invadia como se fosse um terreno baldio. A ignorava como se ela fosse um indigente. A tomava como erva daninha. Ela tinha tantos sentimentos, tantos sonhos, tantos arrependimentos, tantas vontades dentro daquele peito, que ora e outra, eles se fundiam todos ao mesmo tempo. E fosse ela, para onde quer que fosse, fizesse o que fizesse,escrevesse, lesse, ouvisse música, ou ficasse apenas em silencio, nada a ajudaria. E embora tudo parecesse vazio, e ela não conseguisse distinguir seus sentimentos, no fundo ela sabia que era forte, e que aquilo tudo que estava sentindo, iria passar, era só mais uma das suas fases de conflitos internos, era só mais um... dos seus tantos e tantos complicados e confusos momentos.
Por. Bell.B


Um comentário:

  1. Estou ficando repetitivo. Te ler é como assistir a um filme, ouvir uma canção, alcançar o impossível. Mesmo quando vc fala sobre vazio, descreve isso tão perfeitamente que pra mim, esse teu NADA é realmente uma soma de TUDO. Tudo aquilo que muitos, sequer sabem ou conhecem. Menina, vc vai além, muito mais além do que pensa que consegue ir. Belíssimo texto.

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