21 maio 2013

Trigésimo Segundo


A sensação era de que alguma coisa tinha ficado para trás. Mas na verdade, muitas haviam ficado como também, enumeras estavam por vir. Realmente muitas coisas tinham ficado para trás. E ao fechar seus olhos naquela noite, desejou de todo seu coração de menina, definitivamente daquela data em diante, ser mulher. Não faria mais planos, não traçaria mais metas, apenas continuaria dali em diante, aproveitando, seguindo e vivendo, como se todos os dias de sua vida, não fossem ter amanhã. Há alguns anos atrás, esta data costumava lhe trazer novos sabores, visões futuras, vontades desconhecidas e até nostalgia. Desta vez não. Era como se tivesse enfim, aceitado que somar realmente fazia parte do ciclo da vida. Entrou nesta "casa numérica" sem a sensação soberba, de vitória ou de conquista. Entendeu que fantasiar sobre acumulo de números era bobagens e que era ainda mais bobagem sonhar com uma grande festa por isso. Afinal, em que era ela, diferente de todos os outros seres do planeta? Talvez tenha cansado de se preparar exaustivamente todos os anos para sua tão sonhada e grande festa surpresa. Talvez tenha superado e enfim se curada da maldita síndrome de Cinderela. Não importa. Pisou com o pé direito em cima das cicatrizes que os números anteriores haviam lhe causado em outrora. Respirou bem d e v a g a r que pode quase saborear o ar em seus pulmões. No fim da noite, após agradecer a Deus por lhe permitir viver por mais um ano, lembrou-se do seu aniversário de 23 anos. Mordeu o lábio de levinho, uma lágrima sorrateira cortou-lhe a face. Havia feito tantos planos naquele dia. Tinha traçado uma meta mas não a conseguiu cumprir. Nem lhe parecia uma memória e sim uma visão futura. Tendo em vista que naquele momento, tinha acabado de planejar seus próximos anos de vida. Contudo, sorrio... sacudiu a cabeça, enxugou a lágrima sorrateira e desta vez, se prometeu algo que até então, nunca tinha lhe passado pela cabeça. Descobriu aos seus 32 anos, que crescer era difícil, tão difícil quanto amadurecer. Aprendeu que não importa o quanto sonhe ou tenha vontade, as coisas são como tem que ser e não como sonhamos que sejam. Aos 23 era jurava que conquistaria o mundo e venceria todas as guerras que estavam por vir. Aos 32 agradeceu por mais uma batalha conquistada e prometeu a si mesma, não se prometer mais nada.
Por Bell.B

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