21 novembro 2012

Oito


As horas pareciam caçoar dela, os dias passavam quase que à arrastando. Noite após noite, suas orações ficavam cada vez mais fervorosas, desesperadas. Suplicava por noticias, implorava por sinais. Sinais de quê ainda existisse alguma coisa, uma chama viva, que não só dentro de si. Mas parecia ser em vão rezar, pedir, suplicar por algo assim. Aquela altura, nada mais parecia fazer ou ter sentido algum, e como as respostas não vinham nem da Terra, nem do Céu... parou de pedir e aceitou o silêncio como se fosse a única coisa em que devesse acreditar.


Não deixou de pensar, de lembrar de suas histórias. Em momento algum, decidiu por esquecer de tudo que tinham vivido, passado, construído juntos. Eram sentimentos demais, preciosos demais, verdadeiros demais, para serem deixados de lado num canto qualquer da consciência tomando poeira... Apenas optou por deixar as "águas correrem" e seguirem seu fluxo. Porém era tão sonhadora quanto realista, e suas experiencias de vida, foram de certo modo, a moldando e dando a ela um jeito um tanto quanto "peculiar" de aceitar o destino, mesmo quando este destino não lhe sorria.

E assim, ora nostálgica (entorpecida) noutras tomada de alegria (embriagada), seguia. Vire e mexe se via obrigada a discutir consigo e em algumas das vezes, até se punha de castigo. Era severa com suas atitudes e na maioria das vezes, fazia o que precisava ser feito, mesmo quando isso ia contra seus sentimentos. Na maior parte dos casos, sofria. Mas este sentimento já lhe era tão comum, que superava isso com êxito. E decidida, certa do que tinha feito e do que dali em diante faria, seguia. Tinha por companhia as canções, os rabiscos, as lembranças. E com eles seus devaneios. Tudo que sentia, queria, sonhava, se misturava com o que tinha, com o que vivia no seu dia a dia. Em muitas das vezes, já não sabia se o que escrevia eram desabafos ou somente fantasias. Na verdade, nunca quis saber, fazia isso na tentativa frustrada de se livrar do peso. O peso do sentir, este que a deixa confusa, que a faz chorar, que a toma no colo, fazendo-a acreditar que não importa o que aconteça, no fim, é possível sim... sorrir.

E com suas confusões, com seus conflitos, com seus sentimentos apertados e espremidos dentro do peito, ainda assim, ela sorri. Sorri por saber que mesmo com todos os seus defeitos, com todas as suas escolhas, com toda a distancia e ausência, ele ainda a escuta em seu silêncio. Ele ainda a vê em livros, ele ainda a escuta em canções. Ele traceja sorrindo o número 8 deitado, da mesma maneira que ela sorri, quando vê o reflexo dos olhos dele, no 8 deitado em seu quadril quando de costas, olha no espelho.
Por. Bell.B

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